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12 de dezembro de 2024 – 13:02

Vibes positivas

*Por William Haverly Martins

 

As vistas das minhas janelas, em todos os tempos, sempre tiveram vibes positivas, mas a vida me impôs marcas negativas, na pele, no bolso, no olhar distante de quem está próximo, no acaso, no destino, que incomodaram/incomodam o meu viver.

Todavia não me considero um revoltado, como não me vejo pregando o amor, a paz, o céu como recompensa, o uso de drogas, para fugir às imposições existenciais negativas. Apesar dos pesares, ainda acredito nos amigos, os vejo com o coração, os antigos e os novos.

Bem que eu tentei, bem que eu venho tentando, mas a filosofia das vibrações positivas, a positive vibration de Bob Marley não entrou no meu cardápio, continuo me importando com bens materiais e com o que o dinheiro compra, e não me visto com roupas simples, nem vejo a natureza com olhos de cabra morta. Ter ou não ter? Ter!

 Minha vibe positiva, meu estilo, minha filosofia de vida não combinam com impulsos alucinógenos, sou o que sou, em busca de vitórias, com competência, vencendo os muitos braços que me puxam pra trás, mesmo sabendo que minha competência possui baixo valor de mercado. Ainda assim busco.

No pântano dos relacionamentos doentios não consigo nadar, são tantos obstáculos a serem dragados, tanta sujeira. Vou curtindo a minha alucinação controlada, vivenciando o meu ser a meu modo, com a minha vibe própria, embora ciente de que a experiência básica de ser quem sou, é uma construção frágil, em meio a uma sociedade hipócrita, onde a voz mais alta sempre foi a do ter, a que reforça o poder. Mérito é detalhe.

A vista da minha vibe pessoal, muito além da janela pós setenta, vem tumultuando meu olhar, já nem sei se é uma vista me libertando ou a velha janela me iludindo, confundindo meu discernimento e me obrigando a teclar, loucamente, como se estivesse polindo o real significado das palavras, na tentativa de substituir a vista da janela das minhas vibrações negativas.

Ser já não importa, poucos me veem, o etarismo me discrimina, mas capengo entre vibes positivas, na tentativa de mudar conceitos nietzschianos: a esperança deixaria de ser uma sacanagem, para ser uma “paciência inquieta”, um silêncio eloquente, quem sabe, um blefe, agradável ou não. Tudo depende do enigma do baralho da vida e das cartas deterministas que me foram dadas para jogar.

*William Haverly Martins ([email protected]) é professor, escritor, vice-presidente da ACRM (Associação Cultural Rio Madeira), ex-presidente da ACLER (Academia de Letras de Rondônia), membro da AHMFPB (Academia de História Militar Forte Príncipe da Beira), fundador da ARL (Academia Rondoniense de Letras), onde ocupa a cadeira número três e recebeu o título de Presidente de Honra.

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