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12 de dezembro de 2024 – 17:37

Coluna do Xavier – CACOAL: O NATAL, O CRISTIANISMO E O MERCANTILISMO…

Por Francisco Xavier Gomes 

 

CACOAL: O NATAL, O CRISTIANISMO E O MERCANTILISMO…

 

O ano de 2023 chega ao fim! Assim, a madrugada de domingo será reservada a todas as comemorações e confraternizações, em todos os países que consideram a data de 25 de dezembro o marco do nascimento de Jesus Cristo, como é o caso do Brasil, especificamente nas situações que envolvem o cristianismo. Segundo dados do IBGE, referente ao censo de 2022, cerca de 87% dos brasileiros declaram-se cristãos. Em relação à Nossa Urbe Obediana, é possível até que este percentual seja maior, porque não se tem notícia de nenhuma pessoa que se declare agnóstica nas terras de Anísio Serrão e Obedis. Estes números deixam claro que o Natal em Cacoal é um fenômeno indiscutível, ainda que boa parte desse sentimento esteja resumida ao mercantilismo em larga escala. Tudo isso nos leva a crer que este fim de semana será de muita satisfação para o comércio local e espera-se que os resultados de lucro sejam na mesma proporção da devoção a Jesus Cristo…

O leitor pode divergir completamente deste escriba, mas, nas últimas décadas, o Natal tem sido muito mais objeto de fortalecimento do comércio do que as comemorações pelo nascimento de Jesus Cristo. O mercantilismo é ótimo, porque consolida as empresas brasileiras ou estrangeiras que atuam no país e estimula a geração de emprego e renda, objetivo de todos os governantes do país. Entretanto, em virtude de tanto ódio alimentado nos últimos anos, no país, certamente é momento de profunda reflexão, porque o ser humano não comete nenhum crime, ao visar a ostentação, o glamour e a luxúria, porém não se pode conceber o estado com maior densidade de cristãos declarados se distanciar de modo tão colossal do Nazareno. E não se trata de nenhum discurso bíblico, porque não tenho esse perfil. Mas é necessário resgatar a sensibilidade, a empatia, o amor e a partilha, fundamentos que Jesus Cristo pregou ao mundo, desde criança, e que deveriam servir de base para a sociedade atual. Cerca de um ano atrás, vimos em nossa cidade muitas pessoas pregando o ódio e declarando publicamente o boicote contra empresas, instituições e pessoas, sem levar em conta o altíssimo percentual de cristãos que formam Nossa Urbe Obediana.

O Natal é um fato que vai muito além da troca de presentes, dos tapinhas nas costas, dos abraços e mensagens hipócritas que circulam nas redes sociais e ainda nas cartas dos Correios. Os amigos secretos, as confraternizações, os ósculos e amplexos, a solidariedade, a empatia eram condutas diárias de Jesus Cristo, mesmo porque a data de 25 de dezembro não era o marco que se tornou, depois que Jesus Cristo foi executado covardemente em praça pública. Cacoal tem quase 90% de pessoas que pregam a bíblia todos os dias. Seria sensacional, se 30% dessas pessoas pregassem efetivamente o amor ao próximo; a justiça social; a solidariedade; o bem-estar coletivo e deixassem o ódio político para viver somente no período de campanhas. O que se pratica, atualmente, é exatamente o contrário: inúmeras pessoas passam o ano inteiro pregando o ódio; e apenas a semana de 20 a 25 de dezembro pregando o amor. E trata-se do amor eletrônico, aquele pregado apenas nas redes sociais, porque as relações pessoais são muito diferentes. O afeto, a compreensão, o respeito pelo diverso e a empatia são sentimentos que se tornaram sazonais. O Natal precisa ser um marco de transcendência, de luz, de harmonia. Os ósculos e amplexos da noite de 24 cheiram a hipocrisia. O grande problema, meus amigos, é que muito do amor se perderá, logo depois que a árvore de natal do Beira Rio for desmontada e jogada no lixo…

Assim, não tem a coluna nenhuma intenção de reprimir ou condenar o mercantilismo natalino, a troca de presentes e afagos digitalizados. A ideia é muito diferente. Busca-se a perenidade do sentimento de fraternidade, durante todos os dias do ano. Para tanto, é necessário que todas as nossas forças estejam voltadas, em 2024, para manter o comércio forte, gerando empregos, mas, principalmente, propor uma reflexão sobre todo o ódio vivido no coração e na mente de muitos obedianos, nestes últimos doze meses. Este momento pode ser muito importante e oportuno para mostrar o verdadeiro sentimento natalino e para trabalhar a ideia de manter esse sentimento no próximo ano. Não se pode pregar tanto afeto, tanto amor, nas redes sociais e bater palminhas para as graves guerras e genocídios que acontecem no mundo. Não se pode fingir que tudo está maravilhoso em Nossa Urbe Obediana. O sentimento de natal não pode ser restrito apenas aos locais escolhidos para as confraternizações e trocas de presentes. O Natal precisa transcender esses lugares e ganhar as ruas e lares cacoalenses…

Nossa cidade não pode tentar apenas ter a maior árvore de Natal do estado. Isso não implica o amor e a fraternidade. É preciso refletir!! Assim, ao desejar que todos os leitores da coluna tenham um Natal de luz e paz, desejo, igualmente, que todos nós tenhamos a capacidade de lutar contra as energias negativas proporcionadas pelo ódio e buscar, insistentemente, a harmonia da cidade, ainda que com divergências de ideias e pensamentos, porque essas são salutares e necessárias. O ódio, a mágoa, o ressentimento e a hipocrisia, porém, são sentimentos semelhantes àqueles que Jesus Cristo condenou, no episódio da expulsão dos mercadores do templo. Então, é Natal… Tenho dito!!!

 

FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Jornalista

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