O Brasil possui uma tradição antiga, que muitas pessoas ignoram, mas cujo fundamento deve ser considerado: a tradição estabelece que o ano começa depois do carnaval. Evidentemente que Nossa Urbe Obediana nunca fugiu à tradição, embora o carnaval jamais tenha sido sequer compreendido por muitas pessoas de Cacoal. Para os obtusos políticos e caciques que administram ou mandam na cidade, cultura é apenas a contratação de cantores desse gênero chamado de gospel e construção de árvores de Natal. As demais atividades culturais são completamente ignoradas, o que representa um grande desrespeito por importante parcela da população. No quesito política, todavia, Cacoal cumpre fielmente a tradição de que o ano começa mesmo somente após os festejos momescos. Não é à toa que, até hoje, os vereadores não realizaram nenhuma sessão ordinária em 2024. Agora, com o fim do período de carnaval, a forte tendência é que todos os grupos políticos da cidade coloquem seus blocos na rua, em busca de organizar as estratégias e metas para a única prioridade que os políticos obedianos têm para esse ano: eleição de outubro…
Os partidos políticos passaram a realizar diversas reuniões para tratar de nomes que devem compor as listas dos partidos; os dirigentes estaduais de siglas começaram a circular no interior do estado; e alguns nomes cogitados para a sucessão municipal já são citados e discutidos de maneira mais concreta em algumas rodas de conversas. Assim, pode-se afirmar que o esperado W x O, muito sonhado por prosélitos do antunismo, pode não se desenhar com todas as bolinhas coloridas, doces e suaves desejadas pelos seguidores do antunismo. Então, há nomes em discussão. João Paulo Picheck; Valdivino Tucura; Jaqueline Cassol; Vera Bianchini; Amarildo Verdan e diversos outros nomes são citados atualmente como pré-candidatos ao cargo de prefeito de Cacoal. O eleitor apaixonado por lives, e que vê nisso a principal virtude do prefeito, imagina que todos os demais eleitores pensam da mesma maneira. Grande equívoco! Ledo Engano! Há muitos eleitores, e são muitos, que esperam as definições de nomes em agosto, para definir seus candidatos a prefeito. Seo Antunes está muito longe de ser a unanimidade que dizem seus assessores, asseclas e bajuladores. Claro que hoje é o único nome da vitrine, mas as convenções partidárias se encarregarão de estabelecer as mudanças nesse cenário…
Com as eleições batendo à porta dos candidatos e eleitores, a população pode esquecer as prioridades que sonhou, porque a prioridade agora será outra. As pessoas que precisam de atendimento nas unidades de saúde municipais sabem muito bem que a situação atual é bem delicada. Delicada, porque muitas prioridades foram deixadas de lado, há muito tempo, e serão muito mais, em tempos eleitorais. Aliás, a grande maioria dos problemas no setor de saúde acontece por total omissão do Conselho Municipal de Saúde e por falta de compromisso da Câmara Municipal. No caso do CMS, é vexatória a forma como se conduz a entidade, porque abandonou as atribuições legais e virou um puxadinho da administração. O CMS tem algumas atribuições importantes, entre elas fiscalizar a aplicação de todos os recursos do SUS, fiscalizar o regular funcionamento das atividades de saúde pública, denunciar as ilegalidades e omissões em relação à saúde e outras atribuições igualmente descumpridas pelos conselheiros. Além de não cumprir seu dever legal, o Conselho Municipal de Saúde também pratica a bajulação e vassalagem, em relação ao prefeito e à Secretaria de Saúde do município. Vários membros do conselho se perpetuaram nos cargos, são usados pela administração para dar aparente legalidade a muitos atos e não cumprem suas obrigações, há muito tempo. É evidente que há exceções, mas a imensa maioria de conselheiros é gente muito omissa e preocupada apenas com benefícios pessoais. Se fosse para comparar ao carnaval, a realidade do setor de saúde seria triste, porque impera a omissão das autoridades. Não se pode dizer que a saúde é um carnaval, porque carnaval é coisa organizada. Resumindo: em Cacoal, o bloco da desorganização e da omissão recebem nota dez em todos os quesitos, principalmente em fantasia, alegorias e adereços…
E sabem o que dirão os atuais vereadores, assessores e asseclas da administração, a partir de agora? Eles dirão que não compensa reclamar, que não vale a pena denunciar e mostrar os descasos, porque agora tudo será corrigido. Corrigido apenas nos discursos políticos. A tendência é o abandono… Com relação aos vereadores, considerando que haverá eleições, existe a possibilidade de mudar. Claro que isso depende muito dos eleitores, mas é difícil afirmar que todos os vereadores serão mantidos nos cargos. Já, no caso da saúde pública, a falta de organização deve continuar, porque muitos membros do Conselho Municipal de Saúde passaram a ter mandato perpétuo. Assim, mesmo que toda a composição do legislativo seja modificada, os membros vitalícios do CMS continuarão ainda por décadas no poder, praticando total omissão e um carnaval de cumplicidade e conivência… Tenho dito!!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual e Jornalista