VILA OLÍMPICA
As pessoas que passam nas proximidades da Vila Olímpica de Cacoal certamente sentem muita tristeza. A obra foi projetada com a finalidade de criar no município um espaço para atender as demandas esportivas da Capital do Café. Hoje, o local está completamente abandonado, cheio de mato, lixo, animais peçonhentos e até mesmo objetos que acumulam água parada e pode abrigar a reprodução do mosquito da dengue. O campo de futebol construído no local não é utilizado por falta de manutenção da Prefeitura de Cacoal e todas as atividades que poderiam acontecer no estádio estão inviabilizadas. Como o campeonato estadual de futebol começou, o clube da cidade, União Cacoalense, encontra muitas dificuldades até para treinar no estádio Aglair Toneli, em função do problema da falta de drenagem. O campo usado pelo time da cidade é construído em local onde o acúmulo de água não permite uma correta drenagem e isto poderá até impedir a equipe de mandar jogos no município. Todos os anos, as coisas são feitas de maneira improvisada e nem cobertura existe para abrigar a torcida contra o sol. Caso a obra da Vila Olímpica estivesse concluída, esta situação estaria resolvida, mas a obra foi completamente abandonada pelo poder público. Na Câmara Municipal, há diversos vereadores que se declaram defensores do esporte, mas que nunca fizeram nada para resolver o problema.
COMPLEXO DA SEGURANÇA
Durante a legislatura anterior, os vereadores de Cacoal adotaram uma medida que complicou ainda mais a situação da Vila Olímpica. Eles aprovaram uma lei e doaram grande parte do terreno para o estado de Rondônia, com a promessa de que seria construído no local um grande Complexo da Segurança Pública, que seria utilizado para abrigar diversos órgãos da Polícia Civil de Rondônia. Ainda, segundo os políticos que fizeram as promessas, as obras de construção do tal complexo gerariam milhares de empregos em Cacoal. Tudo ficou apenas na conversa e propaganda política barata. Nada foi feito no local, nenhum tijolo foi colocado, nenhum emprego foi gerado. Curiosamente, alguns vereadores que participaram da doação do terreno da Vila Olímpica e foram derrotados nas urnas, em 2020, dizem que desejam voltar ao mandato, porque fizeram muito pela cidade. Ninguém sabe onde foram parar os recursos anunciados, nenhum projeto foi apresentado e as autoridades que prometeram a construção do Complexo da Segurança Pública nunca mais disseram uma palavra. Cacoal recebeu muitas promessas de se transformar no maior canteiro de obras de Rondônia, mas tudo não passou de falsas ilusões e propaganda eleitoral. O resultado da lambança é que não existe nem Vila Olímpica, nem Complexo de Segurança.
VOLTARAM DE FÉRIAS
Os vereadores de Cacoal voltaram das longas férias. Esta semana aconteceu a primeira sessão ordinária de 2024. A última vez que os vereadores tinham se reunido para uma sessão ordinária foi nos primeiros dias de dezembro do ano passado. Como a Câmara de Cacoal é muito diferente das outras casas legislativas do Brasil, os vereadores têm direito a mais de 100 dias de férias. Eles justificam dizendo que trabalham muito e precisam ter férias mais longas do que todos os demais trabalhadores do país. No primeiro ano de mandato um projeto que tinha como finalidade acabar com os mais de 100 dias de férias foi colocado em votação na Casa de Leis, mas teve o voto contrário de quase 10 vereadores. Agora, como haverá eleição este ano, e com vergonha das críticas que a população faz, os mesmos vereadores que sepultaram o projeto falam em colocar novamente em votação. Durante a sessão realizada na segunda-feira, nenhum projeto elaborado pelos vereadores em benefício da cidade foi votado, mas eles disseram que passaram as férias todas trabalhando. A sessão se resumiu apenas a discursos vazios e sem nenhuma proposta concreta para resolver os muitos problemas da cidade, e que eles prometeram resolver durante a campanha de 2020, foi aprovada.
FUNÇÕES TROCADAS
Durante a sessão de volta das férias, o vereador Luís Fritz usou a tribuna para dizer que somente ele conseguiu mais de 10 milhões de reais para o município. Ele disse, ainda, que possui grande capacidade de buscar recursos e que outros vereadores não possuem a mesma capacidade. Embora a função dos vereadores, segundo a Constituição Federal seja de fiscalizar os atos do prefeito, elaborar leis e reivindicar melhorias para a cidade, o vereador declarou que não aceita as atribuições do mandato e que a função dele é buscar recursos. Claro que o vereador Luís Fritz sabe que não tem poder de buscar nenhum recurso, mas parece bonito fazer esse tipo de discurso para que o eleitor menos atento imagine que é verdade. Como já estamos no quarto ano de mandato dos vereadores, talvez seja o momento ideal para eles descobrirem suas obrigações do mandato. Unidades de saúde do município estão precárias, as reclamações são diárias, mas os vereadores insistem em dizer que eles é que devem fazer o papel dos deputados e senadores. Nossos vereadores passaram os últimos 12 meses envolvidos em inúmeras brigas e confusões e agora tentam justificar a omissão dizendo que trouxeram recursos para a cidade. Resta saber quando é que nossos edis vão resolver praticar as atribuições do mandato de vereador. A outra opção é serem eleitos deputados ou senadores, porque estes, sim, tem a função de buscar recursos para os municípios.
FARRA DAS DIÁRIAS
Os vereadores de Cacoal já foram muito criticados pela população em razão dos altos números relacionados com o recebimento de diárias que nunca foram devidamente explicadas. A história não é recente, porque a Casa de Leis do município já acumula histórico de condenações na justiça por uso indevido de diárias e pela falta de zelo com os recursos públicos. Entretanto, na campanha de 2020, todos os candidatos faziam discursos dizendo que queriam ser eleitos para moralizar a Câmara Municipal. A população foi às urnas e elegeu 9 vereadores que nunca tinham exercido mandato. Nada mudou. Nada foi moralizado. Durante esses três anos de mandato da nova legislatura, iniciada em janeiro de 2021, há casos de vereadores que receberam cerca de 30 mil reais por ano, somente em diárias. Uma verdadeira farra com o dinheiro público. Por causa da situação, o Ministério Público Estadual, através da Promotoria de Cacoal, abriu procedimento para investigar os fatos. Quando eram criticados pelas pessoas nas redes sociais, os vereadores que adoram receber diárias como complementação salarial apenas zombavam da cara da população. Resta saber o que eles vão dizer agora sobre a investigação do Ministério Público. Embora o documento do Órgão Ministerial cite apenas um dos vereadores, ele não representa um caso isolado. A investigação pode revelar que a situação abrange praticamente todos os mandatários do legislativo municipal, ou, pelo menos, a grande maioria..
PEDIDO DE PERDÃO
O vereador Magnison Mota voltou do longo período de férias com o mesmo estilo de metralhadora giratória que se tornou a marca dele nos primeiros anos de mandato. Desta vez, ao usar a tribuna da Câmara Municipal de Cacoal, ele escolheu duas vítimas. Uma delas foi o senador Jaime Bagattoli (PL). Segundo Magnison, Bgattoli é um político que não serve para nada e que não tem vergonha na cara. A outra vítima do duro discurso do vereador foi o senador Marcos Rogério, também do PL, que Magnison declarou que não tem moral e que também não serve para nada. No caso do senador Bagattoli, menos de 48 horas depois, o vereador gravou um vídeo nas redes sociais e pediu mil desculpas e perdões ao senador de Vilhena. Nos corredores da Câmara de Cacoal e da Prefeitura Municipal, circulam boatos de que o prefeito Adailton Fúria teria chamado o vereador, que pertence ao grupo da base aliada, e teria exigido que ele pedisse desculpas ao senador. O vereador pareceu muito confuso durante o momento em que usava a tribuna, porque ele disse que o único senador que ajuda Cacoal é Confúcio Moura, definido por ele como um “político de esquerda”. Estranhamente, o mesmo Magnison Mota implorou para que os eleitores não votem em candidatos da esquerda. Difícil entender as declarações, já que ele mesmo diz que os políticos de esquerda ajudam a cidade.
PROMESSAS DE CAMPANHA
O vereador Edimar Kapiche, um dos maiores defensores da administração Adailton Fúria parece insatisfeito com o prefeito de Cacoal. Na primeira sessão ordinária do ano, ocorrida na segunda-feira, Kapiche usou a tribuna da Câmara Municipal para declarar que o prefeito prometeu a ele, durante a campanha de 2020, que iria criar uma Guarda Municipal no município, para agradar o vereador. Por sua vez, o vereador havia prometido aos vigilantes da Prefeitura de Cacoal que iria transformá-los em guardas municipais. É pouco provável que a Guarda Municipal seja criada, porque não existem previsões orçamentárias para tal finalidade e mesmo que uma lei seja aprovada no município, é difícil que a coisa vire realidade. Para se criar uma Guarda Municipal, é necessário, além da lei, criar as condições necessárias. É preciso fazer um concurso público para contratar os guardas; é preciso comprar viaturas; armas; construir um alojamento; fazer o devido treinamento e reorganizar a estrutura da própria SEMTTRAN. Os vigilantes que atualmente prestam serviço ao município também não podem ser transformados em guardas municipais, porque a legislação não permite. Tudo indica que o vereador vai precisar prometer a Guarda Municipal outra vez, na campanha desse ano.
COMPLEXO BEIRA RIO
Nos primeiros dias de mandato, o prefeito de Cacoal, Adailton Fúria, prometeu à população que transformaria o local denominado Beira Rio na Prefeitura do Município. Após a promessa, o executivo municipal já gastou cerca de 4 milhões de reais na reforma e até hoje não concluiu os trabalhos. Na volta aos trabalhos, o vereador João Paulo Picheck citou a situação da obra de reforma e disse que os trabalhos estão praticamente paralisados. João Picheck solicitou ao presidente da Câmara Municipal a formação de uma comissão para acompanhar e fiscalizar a situação da reforma do Beira Rio. Não ficou esclarecido, durante a sessão, que tipo de comissão será instalada na Câmara Municipal, mas caso seja uma “Comissão de Averiguação”, já se sabe que não dará em nada, como aconteceu com o caso dos combustíveis. No ano passado, quando os vereadores João Paulo Picheck e Paulo Henrique foram ao Beira Rio fiscalizar os trabalhos que eram feitos, o prefeito Adailton Fúria não gostou de ser fiscalizado e fez um vídeo para seus eleitores atacando os vereadores. Não há razão para que o prefeito fique irritado com a fiscalização, porque essa é uma obrigação dos vereadores. Até hoje, a reforma não foi feita e foram gastos, segundo os vereadores aproximadamente 4 milhões de reais. É necessário que haja uma fiscalização para que ocorra a devida transparência sobre os recursos empregados na reforma. Quanto à mudança de endereço da prefeitura, não se sabe quando acontecerá.
PESQUISA DE CINEMA
O ano eleitoral, como em todas as ocasiões, promete muitas emoções. A sessão da segunda-feira foi uma prévia deste fato. Diversos vereadores usaram seu precioso tempo de tribuna para falar da eleição e, claro, da preocupação que eles têm em serem reeleitos em outubro. Durante os discursos, algumas falas completamente fora da realidade, mas em período que antecede eleição, vale tudo. O vereador Paulinho do Cinema, que já está em seu segundo mandato, declarou que o mandato do prefeito Adailton Fúria é excelente e que seguirá defendendo o prefeito. A empolgação do vereador foi tão longe, que ele citou uma “pesquisa”, na qual o atual prefeito teria “85 votos, enquanto o segundo colocado teria 05 votos”. Esses números realmente parecem uma coisa de cinema, como diz o bordão popular. Na realidade, até este momento, nenhuma pesquisa foi realizada em Cacoal sobre as eleições de outubro. O que existe são enquetes direcionadas em redes sociais de defensores do prefeito. Pela legislação eleitoral, as enquetes não são proibidas, mas a divulgação de dados falsos sobre pesquisas eleitorais é proibida e pode gerar multas altas. Como a Justiça Eleitoral em Cacoal atua com muita eficiência, com certeza, estará de olho na divulgação de informações falsas sobre a eleição e o Tribunal Superior Eleitoral deve endurecer as regras sobre fake news, para as eleições deste ano.
REFLEXÃO OPORTUNA
“Muito cuidado na estrada da vida, pois há alienados na pista, oportunistas no acostamento, imbecis após a curva e bondosos na via de mão dupla”. (Graça Leal)