O cenário político em Rondônia ainda levará alguns dias para definir as circunstâncias municipais e não há ninguém que possa fazer qualquer diagnóstico minimamente confiável sobre o que pode acontecer, mesmo porque, em política, há coisas muito óbvias que não são definidas com clareza. Imagine o caso das questões mais complexas! Entre as situações para as quais não existe nenhuma possibilidade de definição antes do carnaval de 2026, está a decisão sobre quem serão os eventuais candidatos ao governo de Rondônia. Esse exercício, completamente sem nexo, de futurologia, que tem sido feito por alguns analistas de boteco, a respeito de candidaturas ao governo não passa de mero delírio, o que é muito comum, no calor de campanhas municipais. Mesmo assim, algumas pessoas batem o pé e chegam a fazer apostas sobre os candidatos ao governo do estado em 2026. É pouco provável que a Mãe Dinah teria tamanha ousadia…
Inicialmente, é necessário avaliar que nenhuma candidatura ao governo de Rondônia conseguiria ser construída, ainda que de forma especulativa, sem que a eleição para a Prefeitura de Porto – Velho seja decidida, fato que ocorrerá no próximo dia 27. Isto não significa que, a partir da eleição na capital, o cenário estaria definido, mas é um fator que tem importância para o cenário das eleições gerais. E por que tem importância? Porque existe a possiblidade de ter em Porto – Velho Mariana Carvalho como prefeita. Isto é uma possibilidade, porque Leo Moraes também pode ser o vencedor. Em caso de vitória dela, vamos precisar esperar um bom tempo, para saber como ficará o grupo que hoje defende sua candidatura, já que reúne o atual prefeito, o atual governador, dois senadores praticamente todos os deputados estaduais e federais, o dono da FIMCA, um ex-presidente, todos os vereadores eleitos na capital, no último dia 6 de outubro, inúmeros empresários e outras pessoas que nem aparecem na campanha, mas que estão envolvidas diretamente. Isto implica um conjunto de egos e interesses que não permitem aos analistas mais experimentados fazer diagnósticos futuros. Mas uma coisa é certa: dificilmente esse grupo se manterá unido até o carnaval de 2025. Imagine o carnaval de 2026…
Outro aspecto que precisa ser considerado é que não é tão simples construir nenhuma candidatura ao governo do estado que tenha solidez apenas no interior do estado; ou que tenha solidez somente na capital. A logística eleitoral do estado é muito clara. O conjunto de forças políticas envolvendo capital e interior tem muito mais condições de produzir uma chapa competitiva para pleitear o governo. Além disso, como o Senado Federal terá eleição para 2/3, diversas outras possibilidades se abrem nesse tabuleiro completamente imprevisível de peças que existem hoje e outras que podem surgir. Isto sem esquecer que o aparente favoritismo da herdeira de Aparício Carvalho pode não se confirmar nas urnas, porque ainda faltam vários dias para a eleição em Porto – Velho. Uma eventual vitória de Leo Moraes poderia criar uma situação completamente diferente e colocar na vitrine eleitoral nomes como do deputado Fernando Máximo, que foi claramente defenestrado pelo grupo do governador e que hoje dá sinais de abraçar a campanha de Leo Moraes. O leitor pode até bater o pé e dizer que o ex-secretário de saúde não tem lastro para entrar na briga, mas ele saiu de uma péssima gestão na secretaria estadual de saúde para ser o deputado federal mais votado do estado na última eleição. Então, não pode ser descartado apenas pelo ufanismo eleitoral de alguns analistas…
O que se houve em Cacoal é que o atual prefeito de Cacoal deixará o cargo para entrar na disputa pelo governo, mas ninguém nunca ouviu nenhuma declaração pública dele sobre isso. O fato de ter vencido de forma incontestável em Cacoal não cacifa ninguém para vencer uma eleição de governador. O prefeito eleito em Ji-Paraná também venceu de forma incontestável e possui um grupo bem mais amplo. Ele teve mais de 40 mil votos e foi o único candidato a prefeito do PL que Jair Bolsonaro subiu no palanque em Rondônia. Claro que ter Bolsonaro no palanque certamente não foi o fator determinante, porque Afonso Cândido também contou com o fato de que seu principal concorrente tem uma ficha política pouco recomendável no município. Então, isto mostra que qualquer afirmação, no sentido de definir nomes hoje é puro delírio de quem ignora o contexto estadual que se formará somente num futuro que não tem data para ser desenhado. Hidon Chaves, Fernando Máximo, Marcos Rogério, Adailton Ferreira e Afonso Cândido são apenas alguns nomes nesse emaranhado de possibilidades, mas há um enorme conjunto de outros fatores que poderiam trazer à tona outros nomes que hoje sequer são citados…
A cautela eleitoral manda avisar às mães Dinahs de hoje que ainda é muito cedo. Além disso, não podemos esquecer daquilo que dizia o Velho Ulisses: “política e como nuvem”. Apenas para citar um fato absolutamente simples, que não terá praticamente nenhuma importância nas decisões de 2026, mas que não tem uma resposta hoje, é que nem mesmo a situação do secretário de educação de Cacoal está definida. A demissão ou não dele pode significar muita coisa num município como Cacoal, onde o fator eclesiástico eleitoral é, sim, determinante. Isto posto, a única coisa concreta que temos hoje é que Rondônia terá mais de um candidato ao governo, após o carnaval de 2026. O resto é puro ufanismo eleitoral… Tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual e Jornalista