Coluna ESPAÇO ABERTO – Quando o ridículo vira trilha sonora: o vexame de Rondônia na Câmara dos Deputados

Confira as notícias do dia, por Cícero Moura.

VEXATÓRIO
Rondônia já enfrentou muitos desafios — econômicos, sociais, logísticos —, mas poucos deixam cicatrizes tão profundas quanto a vergonha pública causada por quem deveria representar o estado com decoro e responsabilidade.

Foto: Reprodução / Senado Federal

CORONEL ?
A cena protagonizada pelo deputado João Chrisóstomo, ao tocar na Câmara dos Deputados um jingle autorreferencial elogiando seu próprio desempenho na CPI, é uma dessas situações que dispensam exageros. O fato, por si só, já é um espetáculo de constrangimento.

Foto: Reprodução / Redes Sociais

SEM NOÇÃO
É difícil definir o que impressiona mais: se é o absoluto desapego ao bom senso, a falta de noção sobre o papel institucional de um parlamentar, ou a aparente incapacidade cognitiva de perceber o abismo entre coerência e ridículo.

DESPREPARADO
O deputado transformou a tribuna — espaço nobre, destinado ao debate nacional — em palanque pessoal embalado por música.

PATÉTICO
Música, aliás, digna de campanhas eleitorais folclóricas que circulam em carro de som em dia de feira, não de uma Casa Legislativa da República.

PIADISTA RUIM
O episódio ultrapassa o campo da excentricidade. Ele revela algo mais grave: a enorme distância entre a seriedade que o país exige e o nível de representação que parte da política insiste em oferecer.

RISÍVEL
Enquanto o Brasil enfrenta crises urgentes e complexas, Rondônia é exposta ao país como uma piada pronta, graças a um parlamentar que parece confundir Parlamento com palco de show de calouros.

Foto: Reprodução / Inteligência Artificial

PÉSSIMO EXEMPLO
O estado, que cresce, produz, empreende e se torna destaque nacional em diversos setores, merecia muito mais.

HUMOR
Rondônia é um gigante econômico representado, ironicamente, por figuras que se comportam como personagens cômicos em um teatro improvisado.

QUANTO VALE O SHOW?
A incoerência é tamanha que quase se pode imaginar o roteiro: um deputado que, no lugar de apresentar resultados concretos, opta por autopromoção musical como se a Câmara fosse um programa de auditório.

SERÁ LEMBRADO
Se a intenção era ser lembrado, conseguiu — mas não do jeito que um legislador sério deveria almejar.

POLÍTICA
O papel de um parlamentar é defender o interesse público, fiscalizar, legislar, buscar soluções.

NINGUÉM APLAUDIU
Mas parece que, para alguns, isso dá trabalho demais. É mais fácil gravar um jingle, apertar o play e aguardar aplausos imaginários.

CHACOTA NACIONAL
E o deputado, em vez de se destacar por inteligência, equilíbrio ou capacidade técnica, entra para o anedotário político — aquele lugar reservado aos que confundem mandato com vaidade e responsabilidade com espetáculo.

FATO
O jingle pode até ter sido pensado para engrandecê-lo, mas acabou servindo apenas para ecoar o que o episódio realmente mostrou.

FATO 2
O constrangimento de ver um estado tão promissor representado por alguém que não distingue grandeza pública de autopromoção barata.

FATO 3
E, em Brasília, o ridículo tem muitos palcos — mas raramente uma trilha sonora tão fora de tom.

PATRIOTA
E falando em coronel Chrisóstomo, quando se pensa que a política brasileira já alcançou o ápice do constrangimento, sempre aparece alguém disposto a provar que o ridículo tem subsolos.

TUDO PELA FAMÍLIA
O deputado que fez o autoelogio musical — voltou às manchetes nacionais, desta vez por um motivo ainda menos nobre.

FAMÍLIA ACOMODADA
Reportagens revelaram que sua esposa e cunhadas estavam lotadas em seu gabinete, recebendo salários pagos com dinheiro público. O MP pediu junto ao TCU que apure nepotismo com rigor no gabinete do deputado.

Foto: Reprodução / Redes Sociais

DISCURSO
Sim, dinheiro público — aquele que, no discurso inflamado de certos defensores da “pátria e família”, deveria ser sagrado, intocável e protegido das garras da velha política.

VEM A NÓS
Mas parece que, no manual particular do deputado, “família” significa algo bem específico: “a dele”.

EXONERAÇÃO
Quando a história veio à tona, a reação foi imediata: exonerações relâmpago, daquelas que só acontecem quando a repercussão ultrapassa o limite do suportável.

VAPOR
É curioso — e instrutivo — perceber como discursos moralistas costumam evaporar quando confrontados com a realidade.

QUIETINHO
Onde antes havia gritos inflamados sobre ética, honra e costumes, sobrou apenas o silêncio constrangido de quem foi flagrado fazendo exatamente aquilo que jurava combater.

OPINIÃO
A ironia não poderia ser mais perfeita. Quem atira pedras em nome da moralidade esqueceu de olhar para o telhado — e que telhado de vidro.

Foto: Reprodução / Inteligência Artificial

OPINIÃO 2
O mais assustador, porém, não é o fato em si. Casos assim, infelizmente, não são novidade na política brasileira.

OPINIÃO 3
O que mais impressiona é a incapacidade de alguns parlamentares de perceber que o país já mudou, que as pessoas observam, questionam, buscam informações. Não existe mais espaço para a velha prática de transformar gabinete em extensão da sala de estar.

OPINIÃO 4
Enquanto Rondônia produz, empreende e se destaca nacionalmente, sua imagem é arrastada para o noticiário por episódios que mais parecem enredos de humor involuntário.

OPINIÃO 5
A representação de um estado inteiro não pode se resumir a escândalos domésticos embalados por discursos de “patriota” de ocasião.

OPINIÃO 6
Talvez o deputado ainda não tenha entendido que defender “pátria e família” exige algo simples e muito mais difícil do que discursos inflamados: coerência.

OPINIÃO 7
E coerência, ao contrário de cargos comissionados, não se nomeia — se pratica. Quem sabe, no próximo jingle, ele consiga incluir uma estrofe sobre isso.

FRASE
Tem político tão viciado em autopromoção que vive de holofote e morre de falta de entrega — é ego em alta e resultado em baixa.

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