Parabéns, TRIBUNA POPULAR
Com 40 anos de circulação, mesmo para quem não acompanhou de perto, é possível imaginar quantas histórias foram contadas nas páginas da TRIBUNA POPULAR, nascida pelo espírito empreendedor de um jovem que acabara de se formar como técnico em contabilidade.
Conheci o Adair em 1972, quando nos encontramos na sala de aula, na primeira série do ginásio. Estudamos na mesma sala durante os quatro anos do ginásio estadual e os três do curso técnico em contabilidade, no Colégio La Salle, em Toledo (PR). No trabalho também convivemos todo o tempo, no Departamento de Contabilidade da prefeitura, onde a veia jornalística aflorou. Foi assim: estávamos na cozinha tomando um cafezinho quando eu falei por falar, “que tal a gente fazer um jornalzinho?!” O Adair teve uma reação assim como se tivesse sido gol do Corinthians: “Vamos fazer?” Combinamos de produzir o bendito no mesmo dia, uma sexta-feira, após o expediente. Sabe o que entendíamos de jornal? Nada de nada.
Resumindo, o jornal de duas páginas foi escrito direto no estêncil, sem pauta, sem rascunho. Havia o verniz que corrigia pequenos erros. Quando o sábado clareou, o jornal estava pronto para ser impresso, só não havia sido combinado onde fazer isso e nem providenciado o papel A4. O empreendedor Adair Antônio Perin se encarregou de passar na livraria, comprar o papel e levar o material até nosso ginásio, onde implorou o favor do técnico operador do mimeógrafo, Adroaldo Bombardelli, para rodar 50 cópias. Mimeógrafos só existiam em dois colégios, à época. Deu tudo certo, menos que a impressão ficou de má qualidade porque, como de nossa parte houvesse só vontade desprovida de conhecimento, não foi tirada a fita entintada da máquina de escrever, para perfurar as letras no estêncil. O jornal era de circulação na nossa sala de aula e durou só três edições.
Empreendedor com 21 anos, o Adair cuidou de orçar na melhor gráfica da cidade a edição de 1.000 exemplares com doze páginas e viabilizar a publicação com patrocínio de empresas. A tiragem mensal, bem se vê, extrapolou a circulação apenas para a sala e o Reflexo foi levado inclusive para outros educandários, como órgão de divulgação do Ginásio.
No segundo grau, o Adair se candidatou e foi eleito presidente do Grêmio Estudantil e logo tratou de criar o Contabiliscando, jornal para circulação restrita ao colégio, impresso em “oficinas próprias”. Nessa fase do conhecimento, até desenhos-charge eram produzidos nos estênceis.
O perfil para a comunicação levou-o à experiência no ramo serigráfico: comprou uma geringonça de funcionamento totalmente manual e por algum tempo produziu decalques e estampas em camisetas.
Aí chegou um dia que resolveu mudar.
Quando rumou para Cacoal, há 40 anos, chamei-o de louco! Deixar o Oeste do Paraná desenvolvido para se aventurar num lugar onde tudo estava por fazer. E era bem isso: um louco aventureiro! Ou, se preferirmos: um arrojado empreendedor!
Tive acesso e li as primeiras edições da TRIBUNA POPULAR. Meus Deus! Onde havia tanta garra para montar um jornal standard, letra por letra, e ainda percorrer longas distâncias para imprimir!? A TRIBUNA POPULAR começou sendo feita em linotipo.
E vamos acrescentar que para fazer o jornal chegar às mãos dos leitores, era preciso de uma equipe de produção, de comercialização e cobrança. Uma equipe coesa, formada pelo Adair e pela Leane, casal casado que se conheceu na sala de aula.
Hoje não estou perto para curtir uma pescaria com o diretor-fundador da TRIBUNA POPULAR e cumprimentar a equipe que cresceu vendo o jornal crescer. Parabéns à família Perin e demais colaboradores pelos 40 anos escrevendo a história de Cacoal e de Rondônia.
Parabéns Adair, Giliane e Tales!
Davi Pereira