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Alegria! porque se baila em Asunción

Armas, e Violência não conquistam um coração partido

Por Geraldo Gabliel

ROBÉRIO FERREIRA

Yegros 861

Asunción 001101

PARAGUAY

Este cronista mal sabia que aquela Guaránia – “Índia” – que ouvia em Prudente, naquele fatídico 3 de outubro de 1994 seria tão marcante em sua vida. A vivenciar, em família, o luto pelo avô Antônio Rodriguez, reencontra com a sua “índia dos cabelos negros, e de pele morena, suave!” – a quem amava de coração. Tão breve quanto o destino que uniu suas almas; a desconfiança – não a morte – nos separou para sempre. Eterno e inesquecível enquanto durou… 8 anos depois, exatamente na mesma data, nasceu Julie Anne!

Há quem diga que: – “Nem as muitas águas conseguem apagar o amor…” ainda que seja o “amor à primeira vista” – ou primeira visita. E, agora, me refiro ao Paraguai – sua gente paraguaia, em sua beleza natural, sua cultura à la guaraní – tudo expresso na melodia do falar, nos ritmos e cores marcantes de… Ah! Chiquitita! (Heidy Ocampos) Original – Banda ABBA – em inglês.

Onde o coração bate em ritmo de Polca, Guaránia e o Chamamé

Quem nos passa a bandeira hoje é o amigo Robério Ferreira, tão apaixonado pela língua e cultura castelhano-guarani do Paraguai, que é capaz de, mesmo estando aqui, viver em sonhos, o que viveria por lá. Aliás, falando em bandeira, ele nos conta:

– Sim, estamos falando do único país do mundo onde a sua bandeira tem dois lados diferentes – literalmente. De um lado, a estrela cercada por ramos de palmeira e oliveira. Do outro, um leão guardando um barrete frígio com a inscrição “Paz y Justicia”. E essa dualidade não é só estética: ela é a alma do Paraguai.

Verdade! Foi em Ciudad del Leste, lá nos ídos 80’s, que comprei um chinesinho – era moda. Ainda bem que eu já havia aprendido, com um amigo de bar, a falar “plata” – minha primeira palavra em espanhol. Já no Paraguai, quando alguém me pergunta: – Tienes plata? eu já sabia que se tratava de money, bufunfa, dinheiro, carvão, pilas… PYG. Essa cidade é o paraíso dos consumidores. Um dos maiores centros de compras da América do Sul, onde se encontra de tudo — de eletrônicos a artesanato indígena. E falando em artesanato, o feito pelos povos Guarani é de uma beleza que transcende o material. É cultura viva, feita à mão, com alma. E foi nessa ocasião que, estado lá, provamos alguns quitutes, e o Tereré paraguaio:

Conta-nos Robério sobre a culinária paraguaia…

– No Paraguai, a mandioca e o milho não são apenas ingredientes – são personagens principais. A chipa, a sopa paraguaia (spoiler: não é líquida, e sim que se pode cortar em pedaços), o bori bori* – a melhor sopa do mundo (ver link da receita no final) e tantas outras delícias são a prova de que a culinária paraguaia é feita com afeto e tradição. Comer por lá é quase um ritual de celebração da terra fértil e da memória afetiva.

E se você acha que o mate é coisa de gaúcho, prepare-se para rever seus conceitos. O Tereré, primo gelado do chimarrão, nasceu em tempos de guerra, quando acender o fogo era arriscado demais. Resultado? Um costume que virou símbolo nacional e refresca até os corações mais calorentos.

No Paraguai se dança. Ali se baila com vontade. Aos ritmos da Polca Paraguaya, da Guaránia e do Chamamé embalam festas familiares, encontros de amigos e até os domingos preguiçosos. Porque, para o paraguaio, dançar é tão essencial quanto respirar. E não é exagero dizer que a música é uma extensão da alma guarani – que se expressa na língua que resiste, floresce e é falada com orgulho por milhões de pessoas, inclusive, muitas, no Brasil.

Guarani e Jopara: não é pelo muito falar que não serão entendidos

E tem mais, o Guarani não é só falado. Ele é estudado, preservado e reverenciado. É o único caso no mundo em que a língua dos vencidos passou a ser um dos idiomas oficiais dos vencedores – lembra da história do Paraguai quando os conquistadores europeus dominaram os índios Guaranis? Entende-se que isso seja um gesto de respeito à ancestralidade que faz do Paraguai o único país da América do Sul onde um dialeto indígena é língua oficial. E não se surpreenda se, mesmo dominando o espanhol, você pode se sentir um pouco perdido por lá – o Guarani é tão presente que parece cantar nas ruas, inclusive, misturado com o Espanhol, dando origem a outro dialeto – o Jopara (ou Yopará) – uma variação linguística que revela um “modo de hablar” único, onde cada palavra carrega história, identidade e afeto.

E se lembrarmos da Guerra do Paraguai¹… Robério narra com reverência. E eu, cronista, escuto com o coração apertado. Porque há histórias que não se contam — se respeitam.

Em 16 de agosto de 1869, milhares de crianças paraguaias, entre 10 e 12 anos, foram enviadas ao Front – já não havia mais soldados adultos. Os meninos morreram lutando corajosamente contra um Exército muito maior e mais poderoso do que eles. Morreram como heróis. Por isso, no Paraguai, o Dia del Niño – 16 de agosto – não é apenas uma data de jogos e de distribuir regalos (presentes). É um memorial. Uma lembrança viva dos meninos-soldados que nunca puderam viver sua infância e juventude, sacrificados no Front para defender a sua Pátria. (Ali Explora). (O Brasil fez isso?)

Júlio José Chiavenato diz que a população paraguaia era “mais ou menos 800 mil pessoas”, e que “a guerra provocou uma matança absurda” deixando o Paraguai em uma situação “que até hoje não se recuperou”. Segundo ele, morreu na guerra cerca de 90% da sua população masculina maior de 20 anos. (Jornal GGN)

Ainda assim, alguns ironizam a situação de guerra entre o Brasil e o Paraguai com um dizer nada simpático – (que, infelizmente, aprendi, logo após aprender a palavra “plata” do lado de cá):  “Aquí yaz veinte valientes soldados paraguayos muertos por un cobarde brasileño!” (o “covarde brasileiro seria o Duque de Caxias? –  comandante das tropas da Tríplice Aliança). Talvez tenha sido por estas razões que demorou um bom tempo para que os paraguaios aceitassem reatar laços de amizade com a gente brasileiros: – Lembro-me do que me contavam nos anos 70’s sobre o “tratamento especial” que os paraguaios dedicavam aos meus compatriotas brasiguaios quando iam em um verdadeiro êxodo a viver no além-fronteira do Brasil…

Hoje, o Paraguai tem suas Forças Armadas que são compostas pelo Exército, Marinha e Força Aérea. Estas instituições militares têm como responsabilidade a defesa da soberania nacional, embora as suas capacidades e tecnologias possam variar, como evidenciado pelos desafios enfrentados no combate ao narcotráfico. Aliás, o Paraguai tem a maior marinha de um país sem saída para o mar. E não, isso não é piada. É estratégia, é história, é orgulho.

Democracia, independência e avanço tecnológico acessíveis

Desde sua independência da Espanha em 1811, o Paraguai construiu uma república democrática representativa, com eleições regulares e uma Constituição que garante direitos e liberdades. A influência espanhola ainda está presente nas construções, nas festas religiosas e nos costumes — mas a identidade paraguaia é única, moldada por resistência, alegria e orgulho.

Ari Zanchet, um jovem já em idade laboral; meu amigo, vizinho – um daqueles italianos com quem convivíamos na comunidade do São Brás, no Paraná, foi um dos pioneiros na Construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. – obra faraônica binacional entre Brasil e Paraguai. E de lá me mandou um Aerograma – fiquei impressionado com aquele envelope impresso em cor alaranjada – era o envelope e a folha da carta ao mesmo tempo, e já vinha selado, era só repostar nos Correios. E nele estava escrito: (Penso que o meu amigo se lembra deste fato).

Amigo @ggabliel…

Estou na Itaipu –  isto aqui é impressionante! É um monumento à Engenharia Humana – Ciência Hidraulica de última geração! Cooperação entre dois países irmãos: de mãos dadas – Brasil e Paraguai. Será a maior geradora de energia renovável do mundo. A previsão é de que tenha uma potência instalada de 14 gigawatts (GW) e, em 2023, forneça cerca de 8,6% da energia consumida no Brasil e 86,3% do consumo paraguaio, servindo a um número muito grande de cidades e residências nesses países. Terá a capacidade instalada de 14.000 MW, o suficiente para abastecer 36 milhões de casas num futuro breve.  E aqui somos, brasileiros e paraguaios unidos num mesmo propósito: construir a maior usina hidrelétrica do mundo e iluminar o Planeta.

Fiquei maravilhado. Entendo nada de Engenharia, Gigawatts, Megawatts, Robotics… mas, tive a oportunidade, a alguns anos depois, de contemplar, ao vivo e em cores, aquele imponente Colosso gerador de energia e luz – a esperança de Zanchet numa realidade visível, palpável, tão, ou mais impressionante do que o sonho dos mestres engenheiros que a projetaram: a energia da vida que flui entre corações e almas irmãs.

Tão atrativo quanto a Itaipu, vimos as Ruínas Jesuíticas de Trinidad y Jesús –  uma viagem no túnel tempo. Patrimônio Mundial da UNESCO, elas contam a história das missões dos séculos XVII e XVIII, onde os jesuítas evangelizaram os povos indígenas, deixando marcas profundas na arquitetura e na Cultura Paraguaia.

Com cerca de 7 milhões de habitantes, o Paraguai é pouco populoso, mas muito produtivo. Soja, milho, trigo, carne bovina — tudo cultivado em terras férteis e exportado para o mundo. A agricultura e a pecuária são pilares da economia, sustentando famílias e movimentando o PIB. E mesmo sendo pequeno, o país investe pesado em infraestrutura. Rodovias pavimentadas, telecomunicações modernas e energia de sobra fazem do Paraguai um exemplo de desenvolvimento equilibrado. @RobérioFerreira.

Para fechar com chave de ouro: a lenda do pássaro Choguy que canta²

Ah, o Choguy! Dizem que foi ele quem inspirou a música folclórica mais alegre do Paraguai. Uma lenda que mistura natureza, cultura e melodia — como tudo por lá.

No Paraguai, cada detalhe conta uma história. Cada sabor, cada som, cada palavra em Guarani é um convite para viver com mais intensidade. E se você ainda não se apaixonou por esse país, talvez esteja na hora de preparar o Tereré, colocar uma Guaránia pra tocar e deixar o coração dançar com o povo que sabe transformar simplicidade em beleza e alegria.

E eu, que já estava encantado, me deixo levar pelo canto do Choguy. Porque há países que se visitam com os pés. E há outros, como o Paraguai, que se visitam com o coração.

E assim, entre palavras e afetos, sigo avante, porque o Paraguai não é só um país — é uma celebração. (Dá até uma inveja santa do Paraguai)

Haupey!

*Receita do Vori vori (https://ndmais.com.br/gastronomia/receitas/receita-da-america-latina-e-considerada-melhor-sopa-do-mundo-veja-como-fazer/

¹ https://jornalggn.com.br/historia/os-motivos-da-guerra-do-paraguai/

² https://www.youtube.com/shorts/qTIPINFdGLA   https://es.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1jaro_Chog%C3%BC%C3%AD  (A Lenda do Pássaro Choguy)





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