A história da PIOR RODOVIA do Brasil
Construída entre os anos de 1968 e 1976 durante o Regime Militar, a BR-319 era vista como estratégica para o Plano de Integração Nacional, que tinha o intuito de conectar as regiões mais afastadas do Brasil, promovendo desenvolvimento econômico para essas regiões, além de fortalecer a segurança das fronteiras.
O governo militar temia que certas regiões desabitadas do território brasileiro pudessem ser reivindicadas por outros países, em especial a região amazônica. Por esse motivo, a construção da rodovia Manaus-Porto Velho recebeu prioridade do governo, sendo concluída em menos de 8 anos.
BR-319 Pavimentada na década de 70No entanto, após a década de 70, a BR-319 começou a sofrer com o descaso e abandono do governo federal. Alguns fatores contribuíram para que isso acontecesse, entre eles:
- Crise econômica iniciada no final da década de 70, que limitou os investimentos governamentais.
- Solo altamente instável e alto índice de chuvas na região, o que exigia uma manutenção constante da rodovia.
- Excesso de peso dos veículos, que em sua grande maioria trafegam sem fiscalização pela estrada.
- Indícios de sabotagem por parte dos donos de balsas da região.
Esse último tópico gera discussões até hoje. Moradores da região confirmam terem presenciado a ação de máquinas e tratores destruindo o asfalto da rodovia. Há relatos de que até explosivos, como dinamites, foram usados nessa ação. No entanto, nenhuma investigação foi instaurada na época. Porém é inegável que os balseiros da região faturam milhões por ano com o transporte de veículos e pessoas pelo rio Madeira, e que não seria de interesse deles que a BR apresentasse boas condições de tráfego.
Esses e outros fatores contribuíram para que com o passar dos anos, boa parte do asfalto original fosse se perdendo, criando um trecho com quase 500 quilômetros de estrada de terra, conhecido como Trecho do Meio. Diversos governos se comprometeram em revitalizar a rodovia, mas nenhuma ação foi concretizada.
É POSSÍVEL VIAJAR ATRAVÉS DA BR-319 ATUALMENTE?
A resposta é DEPENDE! Quem decide se aventurar na BR-319 deve levar em conta um fator muito importante: a chuva!
O inverno amazônico se diferencia do restante do Brasil, ocorrendo entre os meses de dezembro a maio. Nessa época do ano, ocorre a maior incidência de chuvas, o que provoca muitas áreas de atoleiros. Por isso, é indicado que apenas veículos com suspensão mais alta, como caminhonetes e veículos traçados 4×4, se aventurem na BR-319 nesse período. Isso não significa que carros pequenos não consigam vencer a rodovia nessa época. No entanto, caso esse seja o seu caso, se prepare, pois é muito comum ocorrerem problemas mecânicos nos veículos, em especial na suspensão, além de para-choques quebrados.
O período mais “tranquilo” para se atravessar a BR-319 é entre os meses de junho a outubro, conhecido como período de seca na região norte. A menor incidência de chuvas “facilita” a viagem entre Manaus-Porto Velho. No entanto, devemos lembrar que a rodovia se encontra no coração da floresta amazônica, e que chuvas esporádicas ocorrem em qualquer época do ano.
Mesmo que você decida cruzar a BR-319 no período da seca, alguns cuidados são necessários, pois as chuvas não são os únicas obstáculos de uma viagem como essa.
É muito importante levar comida e água para pelo menos 5 dias. Por mais que carros pequenos consigam atravessar cruzar a BR em menos de 2 dias, vale a pena ter alimento e água reservados caso algum imprevisto aconteça, como uma ponte quebrada, algum ponto de atoleiro e caso o veículo apresente problema no meio do trajeto (lembre-se que no Trecho do Meio, não existem cidades, e você não irá encontrar nenhum tipo de comércio para adquirir esses produtos).
Também é imprescindível levar combustível extra! Não existem postos de gasolina em durante um bom trecho da estrada. O indicado é levar cerca de 20 litros de gasolina extra.
NEM TODOS DEFENDEM O ASFALTO NA BR-319
Recentemente, o governo federal voltou a prometer o tão sonhado asfalto para a BR-319. No entanto, grande parte dos ambientalistas são contrários a revitalização da rodovia. Eles preveem que a obra irá acelerar o desmatamento da região. Essa preocupação é embasada no relatório de impacto ambiental encomendado pelo próprio governo, que prevê que a melhoria da estrada facilitaria a abertura de ramais ao longo da rodovia, contribuindo para a exploração de madeireiras e a expansão da agropecuária. No entanto, a população que vive na região e sofre com o isolamento, acredita que meio ambiente e progresso podem coexistir, desde que o governo faça o seu trabalho e fiscalize com competência o entorno da rodovia. A verdade é que com ou sem asfalto, a floresta será atacada caso medidas de fiscalização não sejam implantadas.
Vale lembrar que Manaus é um polo industrial, e sua zona franca possui centenas de fábricas que se veem isoladas do resto do Brasil devido à falta de uma rodovia descente para transitar. A economia de toda a região poderia ser estimulada caso o transporte via terrestre fosse facilitado.
Caso você deseje conhecer um pouco mais da BR-319, clique no link abaixo para assistir a série de vídeos que produzimos ao atravessar a rodovia: