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12 de dezembro de 2024 – 12:56

 (Por Montezuma Cruz) – O repórter fotográfico Kim-Ir-Sen Pires Leal andou algumas vezes pelo antigo sertão rondoniense, captando imagens em preto e branco e em cores. Juntou milhares de eslaides que nos remetem hoje a procurar o quê e onde.

Resgatemos um pouco do passado de Cacoal.

BR- 364 CACOAL – RONDÔNIA 1978

No período 1975-1979, antes de ser município, Cacoal era chamada de vila pelo governo territorial. Tinha muito a ser desvendado, e assim foi estudada pelo Ministério do Interior, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Universidade de Brasília (UnB) e Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco).

De tudo o que acontecia por aqui, a presença indígena, as primeiras lavouras de café, a colonização que produziu conflitos fundiários e a insegurança da população sobressaíam-se na imprensa de Porto Velho e nos jornais dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

Estacionado em frente a um pequeno comércio da Avenida Afonso Pena, o jipe Gurgel seria hoje uma raridade. A fábrica faliu, no interior do Estado de São Paulo. Ele era um carro genuinamente brasileiro. E a Lanchonete Amarelinho, um dos pontos de encontro da juventude?

Cacoal alcançou 88 mil habitantes e renda per capita de R$ 11,8 mil, quatro décadas depois desse cenário.

Sempre esteve predestinado ao desenvolvimento, e ele veio com o esforço de diversas mãos de migrantes procedentes de diferentes regiões brasileiras.

O cafezal prosperou tanto que possibilitou até o plantio e boa colheita na Terra Indígena Suruí, hoje fornecedora a uma empresa de Minas Gerais, que por sua vez exporta para a Suíça. Seu Rosalino vê suas telhas e tijolos chegarem ao Acre, à Bolívia e ao Peru.

Estas fotos mostram uma única avenida então empoeirada, na qual circulavam bicicletas, caminhões, carroças, jipes e ônibus velhos.

A derrubada da mata expulsou alguns bichos para a zona urbana, e o colono carregou nas costas o macaquinho.

A lente maravilhosa de Kim-Ir-Sen-Pires Leal revela parte do cenário do passado: o movimento de pessoas e carroças no ponto situado na principal avenida. Em 1978 a Casa Ferreira, pequeno armazém de utilidades domésticas e de artigos para sítios e fazendas, vendia de tudo. Vê-se um ciclista em frente ao Cine Cacoal.

Naquele mesmo ano, o armazém vendia vassouras, bacias de alumínio e plásticas, cabos de machado, baldes, buchas vegetais, funis, palha de aço, filtros-d’água, funis, machados, mangueiros, motosserras, rastelos, etc.

“Oi Monte, olhe bem o cacaio nas costas e os pés descalços. Esse colono deve ter andado uns 20 ou 30 quilômetros para fazer umas comprinhas”, ele comenta comigo.

Entre dois companheiros de trabalho, e ao lado de um cachorro vira-lata, um carroceiro manobra na área do ponto. Noutra foto, duas mulheres protegidas por uma sombrinha caminham, com o menino à esquerda, em frente à Autopeças Paraná.

Quem seria o homem despenteado e a mulher com bobes nos cabelos, ambos denotando felicidade em 1978?

A mãe Paiter Suruí sorri para a foto, e noutra, o indiozinho agarra-se ao braço do pai.

Bom proveito, gente.

 

SURUI PAITER RO 1982 PI SETE DE SETEMBRO

 

 

 

SURUÍ PAITER PI SETE DE SETEMBRO 1982

 

 

 

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NOTA:
O leitor encontrará mais fotos amazônicas de Kim-Ir-Sem-Pires Leal no endereço www.instagram.com/kimagefoto/

 

Montezuma Cruz – Desde 1976, trabalhou para Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil e O Globo; nos extintos jornais diários de Porto Velho: A Tribuna, O Guaporé, O Imparcial, O Estadão de Rondônia (depois “do Norte”) e nas sucursais de O Parceleiro (de Ariquemes) e Diário de Rondônia (Ji-Paraná).

Editou o extinto jornal Barranco entre 1979 e 1981. Foi repórter da sucursal rondoniense da extinta Empresa Brasileira de Notícias (EBN) entre 1983-1984.

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