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12 de dezembro de 2024 – 12:54

Coluna do Xavier – Cacoal: Os candidatos, os eleitores e as escolhas… (30/10/2020)

O dia 15 de novembro é a data na qual a população “comemora” o Dia da Proclamação da República. Claro que a decisão de empregar o verbo “comemorar” acima tem apenas a finalidade de cumprir o sintagma, uma vez que não se pode garantir, nesse caso, o fundamento semântico do vocábulo aludido. Já no caso da proclamação, podemos aplicar a mesma concepção de 131 anos atrás, quando foi anunciado que o Brasil deixaria de ser Colônia de Portugal.

Como este ano o Brasil voltou a ter uma eleição em 15 de novembro, não custa nada o eleitor cacoalense proclamar, nas urnas, quem serão as pessoas escolhidas para conduzir os destinos de Cacoal, a partir de primeiro de janeiro. Dizer se as opções que a Capital do Café apresenta hoje são melhores ou piores que Deodoro da Fonseca é algo muito pessoal, porém, em 1889, havia apenas uma opção; agora há sete…

Antes de qualquer coisa, é necessário lembrar que o marechal Deodoro da Fonseca era defensor da Monarquia e ficou escondido em casa, quando Benjamin Constant juntou o grupamento de militares para derrubar o imperador. Benjamin Constant odiava a Monarquia, posição muito diferente do marechal Deodoro da Fonseca. Certa vez, Deodoro fez a seguinte declaração: “os brasileiros estão muito mal educados para a república, ruim com a Monarquia; pior sem ela”.

Menos de dois meses após fazer esta declaração, o marechal Deodoro mudou de opinião e se juntou a Benjamin Constant para derrubar a monarquia. Essa história de políticos que defendem uma bandeira e agem de outra forma vem de longe e não é um privilégio de Cacoal. E por que as comparações entre a Velha República e o atual momento de Cacoal? Porque em Cacoal existem muitos políticos que pregam a nova política, mas praticam a velha política e criam novos vícios. Além disso, a eleição este ano acontece em 15 de novembro, dia da proclamação da república. E não é somente isso! O marechal Deodoro da Fonseca ficou apenas dois anos no mandato…

Como meus leitores gostam de História, quero registrar que, em 1889, o grupo político do marechal Deodoro da Fonseca prometeu que haveria um plebiscito para a população escolher entre Monarquia ou República. Essa promessa fora feita, porque a população se dividiu entre as duas formas de governo e era grande o número de pessoas que não aceitavam Deodoro como presidente. A promessa do plebiscito nunca foi cumprida, durante o período da Velha República e somente em 1993, mais de 100 anos da morte de Deodoro, a população brasileira foi às urnas para fazer a escolha.

Em 1993, cerca de 86% dos brasileiros optaram pela república presidencialista e tudo que sobrou da monarquia é representado pelo deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança, que foi eleito pela onda Bolsonaro, pertence ao baixo clero da Câmara Baixa e compõe uma linha sucessória em que não existe nenhuma pessoa ocupando o cargo que ele seria o sucessor.

A Proclamação da República é um fato do passado, mas que não pode ser esquecido ou ignorado pela sociedade atual. Hoje as escolhas precisam ser feitas com seriedade, com honestidade, com responsabilidade e respeito pelo erário e pelas futuras gerações. O eleitor não pode se dar o luxo de escolher os governantes com a mesma naturalidade e falta de responsabilidade com que um adolescente empina uma moto nas ruas, sítios ou chácaras de Cacoal. O voto é uma coisa muito importante, porque não serve apenas para escolher qual é o adolescente mais eficiente para fazer barulho com uma moto. Voto é coisa séria, coisa de adultos!!! Claro que há muitos adolescentes responsáveis, mas isto não é a regra…

A reflexão para a escolha de prefeito precisa partir de fatos sólidos, porque, ainda que muitas pessoas sejam prosélitas do mandato de dois anos, esta ideia não é compatível com a serenidade daqueles que votam nos candidatos esperando que cumpram mandatos de quatro anos. No caso do marechal Deodoro da Fonseca, o mandato dele foi de dois anos, porque ele percebeu que não tinha capacidade e renunciou ao cargo, coisa que somente dois políticos de Cacoal tiveram coragem de fazer. O importante é que façamos uma boa reflexão e boas escolhas, tanto de prefeito como de vereador, para que a Nossa Amada Cacoal não volte aos péssimos mandatos de dois anos, como foi o caso do marechal Deodoro da Fonseca… Tenho dito!!!

FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Articulista

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