Da Redação — O Brasil está criando um novo sistema chamado Cadastro Imobiliário Brasileiro (CIB). Ele vai juntar, em um único lugar, todas as informações sobre cada imóvel do país. Isso inclui dados da prefeitura, do cartório, da Receita Federal, do Incra e até informações que aparecem nas negociações feitas no mercado.
Hoje, cada órgão tem um valor diferente para o mesmo imóvel. A prefeitura usa um número para cobrar IPTU, o cartório tem outro registro, a Receita enxerga outro valor, e o mercado trabalha com preços mais altos do que os declarados. Essa bagunça causa erros, sonegação e dificuldade para entender quanto um imóvel realmente vale. O CIB foi criado justamente para colocar fim nessa confusão.
Com o novo sistema, cada imóvel terá um número único, e os dados vão ser atualizados de forma automática. Toda vez que alguém registra uma escritura, faz um financiamento, regulariza uma construção, atualiza a metragem ou registra um contrato de locação, essas informações vão direto para o CIB. Isso faz com que o governo saiba, em tempo real, quanto um imóvel vale de verdade.
Na prática, isso mexe com os impostos. Não é que o governo vai criar novos tributos ou aumentar as alíquotas. O que muda é que o valor cadastrado dos imóveis será corrigido com mais frequência. Em cidades onde a avaliação está parada há décadas, o IPTU tende a aumentar. Também deve ficar mais difícil subdeclarar valores na hora de comprar ou vender um imóvel, o que pode elevar o ITBI. Na área rural, diferenças de metragem ou uso real da propriedade podem aumentar o ITR.
Quem tem imóvel irregular vai sentir os efeitos primeiro. Ampliações sem registro, áreas que nunca foram averbadas, valores muito baixos informados no Imposto de Renda ou no cartório — tudo isso passa a aparecer automaticamente. O sistema cruza dados de vários lugares ao mesmo tempo: cartório, concessionárias de água e luz, financiamentos, condomínios e declarações de renda. Se algo não combina, o sistema mostra a divergência.
Os contratos de aluguel também entram na nova lógica. A partir de 2026, o CIB vai registrar a finalidade do imóvel, e os contratos levados ao cartório vão alimentar a base nacional. Isso significa que aluguéis informais ficarão muito mais difíceis. O locador que omite rendimentos e o inquilino que não declara o valor do aluguel pago podem ser identificados automaticamente, já que haverá cruzamento entre quem paga e quem recebe.
O CIB não cria novos problemas — ele apenas deixa claro os que já existiam. Muitos imóveis têm documentos antigos, metragem desatualizada, construções não registradas e contratos sem regularização. Antes, essas inconsistências só apareciam quando o proprietário precisava vender ou financiar. Agora, elas serão apontadas pelo próprio sistema.
Por isso, o trabalho do advogado especialista em direito imobiliário se torna ainda mais importante. Esse profissional consegue revisar matrículas, verificar se os dados batem entre si, identificar irregularidades que possam aumentar impostos e orientar regularizações antes que a Receita detecte o problema. Ele também ajuda a ajustar contratos, registrar documentos corretamente e contestar cobranças que o contribuinte considere injustas.
No fim das contas, o CIB representa uma mudança profunda na forma como o patrimônio imobiliário é visto pelo Estado. Quem já mantém tudo em ordem deve se beneficiar de mais segurança e clareza. Quem tem pendências precisa correr para resolver — porque, agora, as irregularidades não ficarão escondidas por muito tempo.
