ELEIÇÕES EM CANDEIAS
As eleições no município de Candeias do Jamari, ocorridas no dia 9 de junho, deixaram uma lição que precisa ser muito bem avaliada pelos pré-candidatos que pensam em vincular a imagem do ex-presidente Bolsonaro às suas candidaturas no estado, com o intuito de ganhar votos dos seguidores do ex-presidente. O candidato derrotado em Candeias, Ribamar Araújo, gravou vídeo no qual dizia ter o apoio de Bolsonaro e perdeu as eleições para Lindomar Garçom, por uma diferença estrondosa. Garçom, que tem história e origem política em Candeias, venceu as eleições com cerca de 75% dos votos, enterrando de vez as pretensões de Ribamar Araújo de tentar passar a imagem de que possui alguma ligação com o município. Marcos Rogério gravou outro vídeo no qual apareceu ao lado de Bolsonaro pedindo que os eleitores votassem em seu candidato, mas o resultado foi desastroso. Vale destacar que, nas eleições de 2022, Bolsonaro venceu em todos os municípios de Rondônia, mas isto não significa que os eleitores do ex-presidente votarão cegamente em qualquer candidato. Numa perspectiva mais positiva para o senador Marcos Rogério, é possível até imaginar que sem o apoio de Bolsonaro, Ribamar Araújo poderia até mesmo ter ficado na terceira colocação, já que os poucos votos que ele obteve podem mesmo ter sido do eleitorado bolsonarista de Candeias. Após a derrota vexatória, Ribamar também pode ter enterrado de vez a ideia de disputar as eleições de outubro em Candeias.
LIÇÃO ELEITORAL
Com a derrota sofrida por Ribamar Araújo em Candeias do Jamari, fica a dica para muitos outros pré-candidatos de Rondônia que se preparam para fazer campanha, a partir de agosto, usando a imagem de Bolsonaro nos demais municípios do estado. No caso de Cacoal, por exemplo, existem diversos pré-candidatos a vereadores que já fazem propaganda usando a popularidade do ex-presidente, mas que também podem se tornar vítimas do oportunismo eleitoral que derrotou o ex-deputado Ribamar Araújo. A falta de criatividade e o oportunismo barato podem gerar decepções muito duras em dezenas ou até centenas de políticos rondonienses que tentam nacionalizar as eleições municipais. Como todo mundo sabe, as eleições para vereadores e prefeitos possui uma característica muito diferente das eleições presidenciais, porque todos os candidatos são conhecidos pelos eleitores e o voto está muito mais vinculado a relações pessoais. O fato de um candidato fazer campanha dizendo ser bolsonarista raiz, como fez Ribamar Araújo, não significa que vai convencer os eleitores a votarem nele. As pautas eleitorais nos municípios são muito específicas, embora muita gente não perceba. E não dá para negar que Ribamar não é do PL, porque ele foi apresentado ao eleitor com o número 22 e com total apoio de Marcos Rogério, o líder estadual do partido.
PERFIL MUNICIPAL
No caso dos pré-candidatos ao cargo de vereador, os eleitores querem saber se eles possuem as condições necessárias para atuar no legislativo municipal. Isto requer conhecer o funcionamento da estrutura do município, ter capacidade individual para elaborar o conjunto de leis municipais, o compromisso de representar os interesses da população do município de maneira técnica e que inspire a confiança que o eleitor quer ver nos candidatos. Essa estratégia de imaginar que pode ser eleito apenas porque se diz bolsonarista não representa nenhuma garantia de vitória nas urnas e revela um oportunismo que o eleitor costuma repudiar com muito vigor. Nos municípios, os eleitores querem saber sobre o sistema de atendimento no postinho de saúde, a fiscalização rigorosa dos gastos públicos, a boa conservação de estradas rurais, o cuidado com as escolas do município e outros temas muito específicos. E já começam surgir em Cacoal as promessas de gerar empregos, trazer indústrias, construir creches, escolas, praças e hospitais, mas essas promessas estão longe de serem atribuições dos vereadores e alguns dos atuais vereadores fizeram as mesmas promessas em 2020, mas até hoje não cumpriram, por razões muito lógicas. Assim como os candidatos que prometem indústrias e empregos, os eleitores que votam neles também não estão preparados para fazer as escolhas que o município precisa para o cargo de vereador.
TURMA DA CONFUSÃO
A partir da data em que a legislação eleitoral permitiu que os postulantes a cargos municipais apresentassem seus nomes aos eleitores, na condição de pré-candidatos, as redes sociais ficaram bem movimentadas, mas infelizmente de maneira negativa. Na pré-campanha, as pessoas podem falar de suas qualidades pessoais, sobre as ideias que defendem e sobre possíveis projetos que podem ser apresentados para a discussão com a sociedade. Esta é a maneira que a legislação eleitoral encontrou para que os pré-candidatos tenham esse contato prévio com o eleitor. Porém, há muitos pré-candidatos que estão mais preocupados em usar as redes sociais para tentar desqualificar os eventuais concorrentes, uma prática que gera apenas confusões e conflitos desnecessários. O problema é que isso também acaba influenciando muitas pessoas que já possuem seus pré-candidatos preferidos, mas que tentam manchar a imagem dos demais nomes, agindo como cães ferozes contra todos os nomes que se apresentam como pré-candidatos. Isto não demonstra a civilidade e o exercício da cidadania e da democracia, porque revela apenas o desejo de atacar as pessoas que não estão em suas preferências. O candidato inteligente deve falar sobre as ideias que defende e os eleitores inteligentes devem falar das qualidades de seus pré-candidatos, com a finalidade de mostrar que reúnem as condições para exercer o mandato de maneira mais adequada.
CANDIDATURAS LARANJAS
Ainda com relação às eleições municipais de Cacoal, existem alguns partidos que terão enormes dificuldades para formar suas listas de candidatos, em razão da ausência de mulheres e até mesmo pela desistência de alguns homens. Pelo menos três ou quatro partidos devem viver essa situação, até o período das convenções, porque não possuem o número suficiente de mulheres para atender às normas eleitorais. É importante lembrar que as regras para a eleição deste ano exigem que os candidatos tenham um número de votos que não seja considerado pífio na análise das autoridades que fiscalizam as eleições, porque isto pode gerar consequências sérias para a lista inteira de candidatos. Assim, os partidos precisam ficar bem atentos para as candidaturas chamadas de laranjas, que são registradas apenas para cumprir os percentuais de vagas. Nas eleições de 2020, o número de candidatos com menos de 15 votos em Cacoal chegou perto de 30. Caso as regras novas tivessem em vigor naquele ano, pelo menos três vereadores estariam fora do mandato, porque seus partidos tiveram pessoas com menos de 15 votos, número que a norma eleitoral atual considera como insuficiente. Isto pode tornar inelegível toda a lista de candidatos do partido.
LEO MORAES
No último dia 4 de junho, o ex-deputado federal Leo Moraes deixou o cargo de chefe do DETRAN de Rondônia. Ele agora se prepara para organizar seu grupo político, visando entrar na disputa pela Prefeitura de Porto-Velho. Até a saída de Leo Moraes do órgão, a situação de Mariana Carvalho, que também é pré-candidata ao cargo, parecia muito mais fácil, pelo fato de ser do grupo do atual prefeito da capital e ter a possibilidade de agregar mais aliados. Entretanto, a entrada do ex-deputado na disputa pode causar um desfalque enorme nas pretensões da filha de Aparício de Carvalho, já que Leo Moraes também possui uma história política sólida na capital e teve uma votação muito expressiva, quando disputou as eleições municipais na capital. Caso as candidaturas sejam confirmadas nas convenções partidárias, a disputa entre esses dois nomes pode ser bem acirrada, isto sem esquecer que há outras forças que possuem grande capacidade eleitoral na capital. Mariana Carvalho, porém, é vista como favorita por diversos analistas políticos, mas favoritismo não ganha eleição. Em 2022, a mesma Mariana Carvalho também era considerada favorita pelos mesmos analistas, quando disputou a eleição para o Senado Federal e acabou derrotada por Jaime Bagatolli. Então, certamente ela já sabe que a condição de favorita não garante os resultados nas urnas.
SANDRO ROCHA
Com a saída de Leo Moraes da chefia do DETRAN, o governador Marcos Rocha nomeou recentemente seu irmão Sandro Rocha, que agora comandará um dos órgãos mais poderosos da estrutura do estado. Pouco tempo atrás, imaginava-se que Leo Moraes poderia disputar a eleição em Porto-Velho com o apoio do governador, mas, nos bastidores políticos da capital, comenta-se que Sandro Rocha deve substituir as pessoas ligadas a Moraes e constituir sua própria equipe. Diversos jornais da capital de Rondônia viram com surpresa a nomeação do empresário e irmão do governador para a pasta do DETRAN, mas todo mundo sabe que, em política, muitas vezes, as nomeações de primeiro escalão passam pelo critério de nomear pessoas mais próximas e que tenham a confiança total do mandatário. Assim, considerando que a legislação em vigor não proíbe nomear parentes para o primeiro escalão, resta esperar que o irmão do governador conduza de maneira eficiente o DETRAN do estado de Rondônia. Sandro Rocha passou a morar em Rondônia, dois ou três anos atrás, quando decidiu mudar do estado do Acre. No estado vizinho, ele chegou a ocupar cargos na assessoria do governo do Acre, mas não há muitas informações sobre sua atuação no setor público.
VOLUNTÁRIOS DA EDUCAÇÃO
Os vereadores de Cacoal aprovaram, na última segunda-feira, um projeto que visa contratar voluntários para atuar nos setores de saúde, educação, ação social e outros. O projeto foi aprovado por unanimidade pelos vereadores e isto pode significar que o concurso público anunciado pelo prefeito não faz parte das prioridades do prefeito Adailton Fúria e dos vereadores. Os voluntários serão contratados a partir de um teste seletivo e vão receber uma ajuda de custo cujo valor ainda não foi anunciado. Os vereadores que até outro dia cobravam a realização de concurso público precisam explicar para as pessoas que se preparavam para o concurso como vai ficar a história, porque a vinda de voluntários para receber valores que não garantem o sustento de uma família realmente não parece ser a melhor saída. A realidade em Cacoal é que faltam muitas pessoas para preencher as vagas existentes em diversos setores da administração e os testes seletivos nunca foram suficientes para resolver o problema. Neste caso, o prefeito Adailton Fúria não pode reclamar que os vereadores fazem oposição, porque o projeto para contratar voluntários foi defendido pelos 12 vereadores. Claro que a chance de realizar mais rapidamente o concurso público seria maior, se os vereadores tivessem explicado ao prefeito que a contratação de voluntários é apenas um retrocesso, mas não resolve a situação da falta de servidores. Mesmo assim, vale destacar que nesta semana Fúria foi às redes sociais anunciar que agora o concurso público de Cacoal vai sair. É ver pra crer!
ACORDO DE CAVALHEIROS
Outra medida que pode ser aprovada nos próximos dias em Cacoal é o aumento de salários do prefeito, vereadores, secretários e diversos outros cargos no município. É necessário destacar que o aumento de salário de vereadores não possui relação com os demais cargos, mas um acordo estaria sendo feito nos bastidores para que o pacote seja aprovado. Alguns vereadores não estariam dispostos a aumentar somente o salário do prefeito e secretários, mas, segundo uma fonte da coluna, o prefeito teria prometido aos vereadores que vai ajudar a defender a ideia, para que desgaste político de todos seja menor. O argumento utilizado será evitar que o município perca alguns médicos que estão insatisfeitos com o salário. Realmente é necessário que os profissionais de saúde ganhem salários mais atrativos, mas existem outras formas de resolver a situação, sem que um pacote amplo seja aprovado. A tendência é que surjam várias tentativas de explicação, entre elas o fato de ser o salário do prefeito o parâmetro para o teto salarial dos municípios, mas usar os médicos para promover este grande acordo político realmente não agrada o contribuinte. Além disso, ainda não está descartado o aumento do número de cadeiras no legislativo, porque a medida pode ser aprovada até o prazo das convenções partidárias e existe maioria na Câmara Municipal para aumentar o número de cadeiras.