CACOAL: A HISTÓRIA, OS FATOS E AS EXPECTATIVAS…
O município de Cacoal estará em festa, neste fim de semana, quando a cidade completa 46 anos de emancipação político-administrativa. Com quase meio século de emancipação, é indiscutível que a Capital do café é uma referência no estado de Rondônia e na Amazônia, por ser uma cidade com infraestrutura sólida e com uma história que causa orgulho aos seus habitantes. Evidentemente que os cacoalenses, nascidos ou não no município, não estão obrigados a saber quem foi Anísio Serrão e muito menos a conhecer Obedis, mas a história dessas duas personagens foi fundamental para que Cacoal seja hoje a Capital do Café. Também é verdade que Humberto da Silva Guedes é, para a imensa maioria da população, e até mesmo para diversos historiadores e jornalistas rondonienses, um ilustre desconhecido, embora tenha sido dele o ato que emancipou a vila de Nova Cassilândia, em 1977. Entre os três, pode-se afirmar que Anísio Serrão foi o que teve melhor sorte, porque conseguiu ser homenageado com o nome de uma rua, conquanto não seja a principal rua da cidade…
O leitor menos atento dirá que é equivocado não detalhar a biografia das pessoas citadas, mas é exatamente esta a intenção da coluna, objetivando que nossos irmãos obedianos façam um esforço, para conhecer a história Serrão, Obedis e Guedes, pessoas sem as quais a história do município poderia ser muito diferente. Clodoaldo Nunes de Almeida é outra personagem que representa uma referência histórica para Nossa Urbe Obediana, porque foi ele quem trouxe para a cidade as primeiras mudas de café. Assim, temos Anísio, Obedis, Guedes e Clodoaldo como as referências deste texto, uma vez que o registro busca fazer justiça com essas pessoas, sem ignorar que, antes e após eles, muitas outras pessoas de diversas regiões brasileiras vieram para Cacoal e construíram sua história. Minha clara aversão ao ufanismo obediano não permite entrar na osmose dos “parabéns para você”, porque esta expressão tornou-se completamente banalizada por muitos cacoalenses. Se hoje muitas pessoas dão os “parabéns”, até quando alguém resolve aumentar o valor da taxa de água ou a alíquota do ICMS, imagine o leitor como seria fácil a vida de Anísio Serrão e Obedis. A História é uma ciência fantástica, exatamente porque imortaliza os fatos. Resta saber quantos cacoalenses lembrarão da história do trenó, daqui a 46 anos…
Todavia, há uma expectativa enorme, em relação aos fatos futuros, porque a história do município, especialmente seu nome, está relacionada ao cacau e ao café. No caso do cacau, os registros da história são milenares, porque, para os maias, que viveram até 600 anos antes da descoberta do Brasil; e para os astecas, que viveram até o século XVI, o cacau é uma fruta cuja essência desperta a sabedoria e a serenidade. Nesse particular, nosso maior desejo é que todos os políticos de Nossa Urbe Obediana façam quatro ou cinco refeições diárias à base de cacau. Imaginem se nossos vereadores almoçassem cacau todos os dias. O legislativo cacoalense seria uma fonte inesgotável de sabedoria, e as futuras gerações estariam protegidas por séculos. Aliás, vale registrar que a grande preocupação dos políticos de Cacoal, nos anos 80, era construir escolas. Isso mostra que eles representavam a essência de quem se alimenta de cacau. Na direção contrária, hoje temos políticos que fazem enorme esforço para fechar escolas em Cacoal, inclusive no setor rural do município, onde está o grande potencial econômico da Capital do Café. Fato controverso é que os políticos das décadas de 70 e 80 plantavam café; os atuais adoram fazer fotos com os produtores que ganham concursos pelo trabalho de cultivar o café. É a história…
Assim, em 1977, o então governador de Rondônia, Humberto da Silva Guedes, assinou o ato que transformou a Nova Cassilândia no município de Cacoal, abrindo as portas para toda essa história de progresso e autonomia política. Coincidentemente, no mesmo ano, o presidente Ernesto Geisel fechou o Congresso Nacional, no chamado “Pacote de Abril”. Para a história, felizmente, o pacote foi derrubado… Os 46 anos de Cacoal consolidaram a história da cidade, que precisa ser exaltada, comemorada e divulgada, sem perder de vista a missão que temos de elevar o município aos patamares que deveria estar, caso o empenho e determinação dos políticos atuais fossem os mesmos da geração política, empresarial e intelectual dos idos de 70 e 80. E não se trata de nenhum saudosismo, porque este não é um sentimento do escriba. A intenção é buscar inspiração para seguir a história do município. Para isso, a missão é árdua e constante, havendo a clara necessidade de alimentar com cacau o espírito de todas as pessoas que desejam uma Cacoal sempre forte, evoluída, saudável e com os olhos fixados no futuro. Não podemos passar as próximas quatro décadas brincando de trenó, porque isso contraria a memória de Anísio Serrão e Obedis…
A realidade impõe a todos nós a missão de trabalhar com sabedoria, determinação e vontade de colocar a cidade sempre no topo das melhores cidades amazônicas. E tudo indica que isto será plenamente possível, porque o município é um dos principais polos universitários do estado, possui uma população altiva e índices econômicos sonhados por milhares de outros municípios brasileiros. O orgulho que as pessoas expressam por ter nascido, por morar ou visitar Nossa Urbe Obediana é digno da essência anisiana e obediana, com fortes indícios de que as expectativas são as melhores possíveis. Para tanto, o caminho é que todos se alimentem metaforicamente do cacau, símbolo eternizado na bandeira no município, como fonte de alimento para os grandes projetos dos quais a Capital do Café tanto necessita hoje… Tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual e Jornalista