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12 de dezembro de 2024 – 16:35

Coluna do Xavier – CACOAL:  A SAÚDE, O MARKETING E O NOVO POLO…

Por Francisco Xavier Gomes

 

CACOAL:  A SAÚDE, O MARKETING E O NOVO POLO…

 

O município de Cacoal é considerado como um polo de saúde e, no papel, atende cerca de 34 municípios do estado. Entretanto, muitas verdades são escondidas e maquiadas pela atuação de políticos da esfera municipal e estadual, como forma de engrupir a população e colocar embaixo do tapete as mazelas e a evidente decadência pelas quais passa a estrutura da saúde pública na Capital do Café. Muitas dessas coisas acontecem por dois fatores visíveis: pelo comodismo da população atingida com a precarização do sistema e pela propaganda enganosa que se faz em Nossa Urbe Obediana. Assim, a inauguração de UTI no Hospital Materno Infantil, marcada pela Administração Municipal pode servir para esconder alguns dos graves problemas, tanto no setor de saúde municipal, como nas unidades estaduais. É necessário, portanto, que as pessoas reflitam sobre as promessas, as propagandas e a realidade, porque são três coisas muito distintas…

A realidade, no sistema estadual, isto é, no HEURO e Hospital Regional de Cacoal, é muito precária e os problemas se avolumam a cada dia. Os corredores do HEURO estão abarrotados de pessoas que clamam por atendimento e o estado finge que está tudo bem. Não está! Essa unidade hospitalar caminha para viver, em pouco tempo, a realidade do João Paulo II. O Hospital Regional, há muito tempo, não atende às demandas do polo que existe apenas no papel, mas que depende de pessoas de Porto-Velho para decidir quem faz cirurgias ou quem fica na fila. Um dos maiores problemas desse polo de saúde de Cacoal é que o único polo que existe é a capital do estado. Cacoal é apenas um polo de fantasia. Antes de sentar no colo do governador Marcos Rocha, o vereador Kapichão das Demandas subia na tribuna da Câmara de Cacoal, todas as segundas-feiras, para fazer duras críticas contra o sistema estadual de saúde. Essa conduta política tinha razão de acontecer, porque as cobranças são necessárias, sim. O problema é que o município tem problemas muito mais sérios, embora o vereador jamais tenha se manifestado para fazer as mesmas críticas…

Aliás, meu amigo Kapichão das Demandas foi vítima da própria omissão dos vereadores, em relação à saúde municipal, quando precisou sair de Cacoal para fazer uma cirurgia de vesícula em Rolim de Moura. Até hoje, ele é acusado de ter furado a fila do SUS no município vizinho, mas os vereadores de Rolim de Moura jamais investigaram os fatos e tudo indica que não farão nenhuma investigação. A decadência da estrutura de saúde em Cacoal é tão grande que o governo do estado fez um pacto institucional exatamente com Rolim de Moura, para atender a população em cirurgias. Vale lembrar que esse acordo foi feito somente depois da cirurgia do vereador obediano e vai atender, inclusive, as pessoas de Cacoal, o polo de fantasia da saúde. Na prática, o novo polo vai ser Rolim de Moura e as pessoas de Cacoal terão que entrar na fila da cidade vizinha, quando precisarem fazer alguma cirurgia. O que se espera é que as filas em Rolim de Moura sejam respeitadas. O estranho na história é que o município de Cacoal, o polo que deveria atender as cidades vizinhas, não tem estrutura sequer para atender seus próprios vereadores, numa simples cirurgia de vesícula. Então, Rolim de Moura, que não tem nem estrutura de UTI´s, assume a condição de novo polo. Vamos torcer para que nenhum vereador de Rolim de Moura sente no colo do governador, para evitar o compadrio…

Agora, senta aqui, meu caríssimo leitor!! O fato de mostrar a realidade da estrutura de saúde no polo de fantasia não me impede de reconhecer, por exemplo, que a inauguração da UTI neonatal, marcada para a próxima semana, é uma iniciativa positiva da Administração Municipal. É, sim, um fato que merece ser elogiado, porque as crianças recém-nascidas poderão ser atendidas com maior eficiência. Importante destacar, porém, que isto não resolve todos os problemas, principalmente porque há grande carência de profissionais no sistema municipal de saúde. O Pronto Socorro Municipal, por exemplo, tem problemas diários de falta de medicamentos básicos e isto não pode acontecer numa cidade que se pretende ser polo de saúde. Os bajuladores da administração dirão que o município não tem obrigação com os procedimentos de média e alta complexidade. Isto é verdade; como também é verdade que o município não tem cumprido as obrigações legais, em relação à saúde de baixa complexidade. A obra do Hospital Municipal, para citar um caso, está parada, há vários anos, e não existe nenhuma previsão para a conclusão.

Assim, reitero, a inauguração dos leitos de UTI no Hospital Infantil de Cacoal é um acontecimento muito importante, mas não pode servir de propaganda política de quinta categoria para esconder outros graves problemas. Uma coisa é fazer marketing distribuindo bicicletas, uniformes para vigilantes e as obras de asfaltamento do Programa Tchau, Poeira, do governo estadual. Outra coisa muito diferente é fazer propaganda política com a inauguração de leitos de UTI´s infantis e esquecer da falta de medicamentos básicos no PAM, esquecer do atendimento aos distritos e constatar a evidente falta de planejamento e organização do sistema municipal de saúde. Esses problemas, claro, ocorrem com todas as bênçãos do Conselho Municipal de Saúde de Cacoal, que se cala diante de tantos descasos. No mais, torçamos para que Rolim de Moura, o novo polo de saúde, consiga atender às demandas tão gritantes de saúde que Cacoal atende somente nas redes sociais, através de áudios e vídeos que nem sempre espelham a realidade… Tenho dito!!!

 

FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Jornalista

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