Por Francisco Xavier Gomes
CACOAL: O ANO VELHO, O ANO NOVO E A FRUTARIA…
O ano de 2024, o ansiado “ano novo”, chegou! E já podemos perceber as “inovações” para os próximos 12 meses que viveremos, principalmente para os próximos seis meses, quando o processo eleitoral estará totalmente desnudado em Nossa Urbe Obediana. Em uma das últimas colunas publicadas, no ano passado, alguns comentários foram tecidos acerca da forma como se conduziriam nossos políticos e os eleitores cacoalenses, neste novo ano. Claro que não se tratou de nenhuma opinião transcendental, mesmo porque a política é uma ciência absolutamente palpável, embora nem sempre seja algo palatável. Assim, nossas reflexões foram basicamente no sentido de que haveria um novo ano e as possibilidades poderiam se resumir às velhas práticas conhecidas em verso e prosa por todos os contribuintes. Seguimos esperando que todos os políticos da cidade tenham em mente a clara necessidade de promover as mudanças que são esperadas pela sociedade, em função de gerar benefícios coletivos. Certamente, um dos maiores desejos do eleitor obediano é que cessem os indesejáveis conflitos institucionais no município…
Inicialmente, cabe-nos lembrar aos leitores que as redes sociais dos políticos em atividade em Cacoal foram inundadas de registros de bons fluidos e incontáveis desejos de prosperidade, saúde, paz e muitas realizações, neste novo ano. Excelentes manifestações!!! Emocionantes manifestações!!! Entretanto, registre-se, foram manifestações virtuais, e num período em que todos os corações, inclusive de políticos, transbordam os mais belos sentimentos de afeto, empatia, amor, dignidade, responsabilidade e solidariedade, além diversos outros sintagmas substantivados com sufixação em “dade”. Por razões absolutamente óbvias, era sabido por todos que a imensa maioria das manifestações ocorridas entre 20 e 31 de dezembro cumpriam apenas formalidades litúrgicas, cuja efemeridade é tão previsível quanto alguém esperar as chuvas de janeiro. Fato é que, nesta primeira semana do ano, já foram constatados diversos fatos políticos que revelam a continuidade do clima beligerante no ambiente político da cidade. Alguma novidade nisso? Claro que não!!! A maneira como 2023 se encerrou deixava claro que a trégua seria apenas durante as festividades. Mas isto também aconteceu entre o Hamas e Benjamin Netanyahu, lá pelas bandas da Faixa de Gaza…
Em território obediano, todavia, o que se viu, nos primeiros dias de 2024, foram fortes bombardeios nas redes sociais, entre diversos atores da política local, assegurando um prenúncio de que as primeiras sessões ordinárias na Câmara Municipal serão de muitas emoções, especialmente porque o iminente processo eleitoral tem como marca indelével a busca pela vitrine e pela marcação de território, visto que políticos odeiam o anonimato, nos anos em que ocorrem eleições. Até aqueles vereadores que passaram os últimos três anos demonizando, exorcizando as redes sociais e dizendo que possuem total aversão aos grupos de uatizápi estarão todos de volta aos grupos, jurando que fizeram excelente trabalho em prol da plebe ignara e que desejam firmemente “continuar trabalhando”. Entretanto, meus caros leitores, há uma diferença colossal entre o calendário gregoriano, aquele que estabelece a mudança oficial de um ano para outro, e a essência dos seres humanos. A verdadeira mudança, aquela que está dentro de cada pessoa, ainda seguirá sendo um sonho carregado de utopia. Até mesmo aquela doce “Utopia” que o célebre Padre Zezinho gravou, em 1975, será ignorada, embora seja uma de suas mais belas mensagens sobre a família e a paz…
Então, preparemo-nos para celebrar, neste ano eleitoral, a velha política e esqueçamos as suaves mensagens natalinas que os políticos postaram em suas redes sociais, no fim do ano passado. Aliás, o leitor pode não ter percebido, mas esta semana, diversos políticos praticantes da velha política já foram vistos em uma famosa frutaria da cidade, abraçando pessoas e discutindo os velhos problemas da cidade. Alguns deles não eram vistos na frutaria há dois, três, quatro anos. É provável que nenhum assunto novo tenha sido pauta na ocasião, mas como eu estou em férias e distante de Nossa Urbe Obediana, não posso cravar as pautas do emocionante reencontro. Também não há nada errado na presença de velhos políticos na frutaria, neste novo ano, afinal a temporada de caça a novos cabos eleitorais está aberta. Assim, as velhas promessas devem ser renovadas, devem ser vestidas com a roupa de 2024 e segue o baile, já que os eleitores também são os mesmos; a rua Uirapuru é a mesma; o hospital municipal é o mesmo; a Lei Orgânica a mesma; o Regimento Interno o mesmo… O leitor mais saudosista certamente lembrará da canção “A Praça”, gravada por Ronnie Von, nos anos sessenta…
O eleitor não precisa estressar com nossos políticos, basta apenas ter paciência para ouvir, neste ano novo, todas as velhas promessas de eleições anteriores e de anos velhos. Até agora, ninguém mudou para a Venezuela; ninguém mudou para a Argentina; ninguém mudou para Israel; ninguém entrou para o Hamas e tudo segue como dantes no quartel de Abrantes. Talvez até surja alguma emoção, nos próximos meses, quando algum nome for apontado como eventual interessado pelo “Palácio Beira Rio”, mas isto também não será suficiente para superar as tendências da velha política, dos velhos políticos e da famosa frutaria… Tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Jornalista