O imortal Stanislaw Ponte Preta jamais teve o privilégio de conhecer Nossa Urbe Obediana, o que seria para nós um fato incomensurável e de inestimável valor. Caso isto pudesse ter sido concretizado, não há nenhuma dúvida de que alguns membros da edilidade obediana seriam convertidos em matéria-prima para reeditar o FEBEAPÁ. Obviamente que há as justas exceções, como já dissemos enésimas vezes, mas não convém citar, para evitar eventuais erros de interpretação. O que se pode dizer, com certeza, é que alguns dos nossos vereadores jamais teriam a possibilidade de figurar na tal lista de exceções, como é o caso de um vereador que esteve recentemente na cidade de Itororó(BA), uma cidade de 20 mil habitantes do interior baiano, em busca de um modelo de gestão pública que possa ser aplicado em Cacoal…
Após alguns dias passeando pelo estado de ACM, nosso nobre edil retornou à cidade de Obedis e subiu à tribuna da Câmara Municipal de Cacoal para declarar que fez uma avaliação criteriosa e descobriu que “em Cacoal não existe ninguém pobre”. Que declaração maravilhosa!!! Que pérola!!! Que descoberta fenomenal!!! Diante desta ofélica declaração, certamente podemos afirmar que Cacoal não tem problemas e que pode servir como modelo para outros municípios, outras unidades da federação e até mesmo outras nações. Com certeza, os 846 milionários cacoalenses que sufragaram nosso edil estão muito orgulhosos. Cacoal é a cidade de Tykhe e não se discute mais… E tem mais uma coisa importante: uma pessoa que declara à Justiça Eleitoral um patrimônio de 239.690,14 é rica. Isso mostra que Cacoal é diferente! Nem precisa ser um Airton Garcia, o atual prefeito de São Carlos, que declarou à Justiça Eleitoral ter um patrimônio de 440 milhões de reais…
Agora, voltando do mundo das nuvens, onde habita nosso vereador, precisamos avaliar alguns fatos. Se em Cacoal não existem pobres, por que é que existe a SEMAST? Lembram das casinhas do Vale Verde? Então… Sabem por que até hoje a Prefeitura de Cacoal não resolveu nada? Primeiro, porque a Câmara de Cacoal nunca teve interesse em resolver. Segundo, porque a lista de pessoas consideradas ricas pelo edil, mas que precisam das casinhas, é bem maior do que as 300 casinhas que estão em construção. Como os vereadores odeiam visitar os bairros fora do período de campanha, é muito provável que o vereador nem saiba onde fica o Vale Verde. E ainda com relação aos ricos de Cacoal, será que o vereador não ficou sabendo das filas que se formaram na Caixa Econômica para receber o Auxílio Pandemia? Vale lembrar que todas as pessoas que receberam o auxílio estão amparadas pela legislação brasileira e pelos critérios de seleção. Não é possível que todas aquelas pessoas fraudaram o sistema brasileiro de programas sociais, como sugere o edil obediano…
Isso sem falar na história das bicicletas. A Câmara de Cacoal aprovou um projeto chamado de “Jovens Gênios”, autorizando a prefeitura de Cacoal a doar 600 bicicletas para os alunos que forem escolhidos como “gênios” na cidade. Vejam que maravilha!!! Além de não ter pobres, a cidade se dá o luxo de ter 600 gênios. Duvido que nas Montanhas Káf haja mais gênios do que em Cacoal. Aliás, o secretário da educação fez beicinho, durante culto que realizou para os vereadores, ao usar a tribuna da Casa de Leis, reclamando das críticas sobre o projeto da seleção de gênios, mas ele está perdoado, porque certamente desconhece a ciência chamada Pedagogia. Aliás, o secretário deveria divulgar os critérios que ele vai adotar para eleger esses gênios. É bem verdade que a Câmara de Cacoal errou, ao aprovar essa distribuição de bicicletas, sem que os critérios estejam claros, coisa que a Pedagogia também não recomenda. Minha sugestão para o Turista de Itororó é que ele inclua os 600 gênios também entre os pobres de Cacoal, porque estudantes filhos de ricos gostam de ganhar, Ferrari, Porches, jet skis…
Finalmente, para refrescar a ideia do vereador nefelibata, quero lembrar que, poucos dias atrás, ele mesmo convocava pessoas para levarem um quilo de alimento, na ocasião em que seriam vacinadas, sob a alegação de que esses alimentos seriam doados para pessoas pobres de Cacoal. Ouvir um vereador declarar que não existe nenhum pobre na cidade é uma coisa que incomoda muito, porque esse tipo de declaração deixa claro que as únicas pessoas que ele conhece são os 846 eleitores ricos que saíram de casa em 2020 para elegê-lo vereador. As declarações do nefelibata também incomodam porque revelam as razões pelas quais ele está, há mais de oito meses, brincando de exercer mandato… Tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Articulista