Cacoal/RO, 28 de março de 2024 – 14:33
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28 de março de 2024 – 14:33

Coluna do Xavier – CACOAL: O PALESTRANTE, OS JARDINS E AS FONTES LUMINOSAS…

FRANCISCO XAVIER GOMES

A Câmara de vereadores de Cacoal acabou de entrar em férias. Isto mesmo, férias, porque nossos edis chamam de recesso o período de mais de 100 dias nos quais não há nenhuma deliberação de matérias e as comissões não funcionam para analisar nenhum projeto. Por este motivo, e também pelas constantes farras de diárias, as críticas são inevitáveis, principalmente pelo fato de que todos os vereadores eleitos em 2020 prometeram mudar a vida dos cacoalenses e promover inúmeras mudanças nos atos e hábitos administrativos da Capital do Café. A contratação do ex-prefeito de Colatina (ES) para fazer uma “palestra” abordando a reinvenção da roda é uma prova cabal de que, até este momento, “tudo continua como dantes no quartel de Abrantes”, para relembrar o início do século XIX…

Inicialmente, cabe-me esclarecer que não tenho absolutamente nada contra a pessoa do ex-prefeito de Colatina, porque não há razão plausível para isto, porém a matemática é uma ciência que apresenta dados concretos, sobre fatos do universo político. Basta acessar o portal dos tribunais eleitorais do Brasil, para constatar. Para citar exemplos domésticos, e que devem ser de conhecimentos dos vereadores de Cacoal, o prefeito de Jaru, João Gonçalves, teve 68% dos votos, nas eleições de 2020; Adailton Fúria teve 61% dos votos de Cacoal e Eduardo Japonês teve 40% dos votos de Vilhena. Esses números são muito mais expressivos do que os modestos 30% que Sérgio Meneguelli teve em Colatina. Não dá para entender por que os vereadores de Cacoal resolveram eleger o ex-prefeito colatinense como um fenômeno das urnas e da Administração Pública no Brasil. No caso de Colatina, o segundo colocado ficou atrás apenas por 4 mil votos e o terceiro colocado teve votação semelhante. É um acinte a Câmara de Cacoal pagar 15 mil reais para um político do baixo clero capixaba posar de ídolo numa cidade tão importante da Amazônia, como é o caso de Nossa Urbe Obediana…

Com certeza, os vereadores obedianos farão beicinho, ao ler este arrazoado, porque, na cabeça deles, um prefeito que tira algumas horas para plantar grama em canteiros de ruas e vai para a prefeitura de bicicleta é um grande administrador. Então, faço um desafio aos nossos vereadores: que eles citem quais foram as grandes obras e atos administrativos de Sérgio Meneguelli que transformaram Colatina. Não vale citar a ponte Florentino Ávidos, porque foi inaugurada em 1928. Caso eles citem a principal pracinha da cidade, também não vale, porque foi inaugurada em 1935. E o Cristo Redentor, um dos cartões postais de Colatina? Esse foi inaugurado em 1975, quando Meneguelli completaria 19 anos. A biblioteca municipal de Colatina também não serve como exemplo, porque foi inaugurada em 1989. Eu duvido que os vereadores tenham coragem de citar como obra de Meneguelli o belíssimo pôr-do-sol de Colatina, porque, em 1992, quando visitei a cidade, já existia aquele pulquérrimo pôr-do-sol e imagino que tenha sido obra do Criador da natureza…

Mas, no portal da Câmara de Cacoal, está publicada uma matéria que chama Sérgio Meneguelli de “renomado prefeito”. Como o vocábulo “renomado” tem mais de 20 sinônimos, não cabe discutir a semântica, todavia nenhum deles se encaixa no perfil de um prefeito cuja marca é plantar grama e andar de bicicleta. Entretanto, o ídolo dos vereadores de Cacoal tentou construir três fontes luminosas na cidade, por um valor que se aproxima de 2,5 milhões de reais. Não deu certo!!! O Ministério Público de Colatina acionou o Poder Judiciário e solicitou a suspensão das obras, antes da execução, argumentando que aquilo era um delírio de Meneguelli e um desperdício de dinheiro. Na mesma ação, o Ministério Público recomendou ao “renomado prefeito” que utilizasse os recursos para reformar as escolas e creches da cidade, que estavam caindo aos pedaços. Só falta os vereadores tentarem convencer Seo Antunes a construir em Cacoal as fontes luminosas que Meneguelli não construiu na sua administração-modelo…

Ao usar a palavra no plenário do legislativo obediano, o ex-prefeito criticou duramente os salários dos vereadores, o salário do prefeito; a farra de diárias; os vereadores que atuam como capachos do prefeito; o turismo legislativo e até o trenó de Seo Antunes. O fato estranho e contraditório na história é que ele critica a farra com dinheiro público, mas cobrou 15 mil reais para passear em Cacoal e ainda andou no trenó de Seo Antunes pelas ruas da Capital do Café. É muito fácil ganhar 15 mil reais do contribuinte cacoalense para contar histórias por uma hora e meia!! Considerando a história das fontes luminosas, se esta palestra acontecesse em Colatina, provavelmente o Ministério Público pediria a devolução dos 15 mil reais, pela evidente ausência de finalidade pública… Tenho dito!!!

FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Articulista

 

 

 

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