BELEZA, O SINEIRO
Numa das muitas conversas que eu tive com o então sacristão da catedral do Sagrado Coração de Jesus, em Porto Velho, perguntei seu nome civil e ele, entre risadas, disse que se acostumara há muito com seu apelido: “Beleza”.
Era maneira que todos o tratavam e era comum ouvir-se dizer que só o bispo dom João Batista Costa o chamava pelo nome, bem comum, de batismo: Raimundo Monteiro.
“Beleza” e a senhora Joelina Araújo, são os dois leigos cujas efígies foram colocadas dentre os padres e bispos da Catedral do Sagrado Coração de Jesus na Porta Santa do Jubileu da diocese.
Raimundo Monteiro, mas ele, que se aposentou em 1999, e faleceu em 2005, sempre preferiu o “Beleza”, que acabou se transformando numa figura popular em Porto Velho, ainda lembrado por quem o conheceu.
Mesmo aposentado “Beleza” continuava a ir todos os dias até a Catedral e, no tempo de Natal, era responsável por arrumar, e em janeiro desarmar o presépio, uma das atrações para fiéis e visitantes.
Contou que começou a trabalhar na Catedral como ajudante de pedreiro, quando d. João nem fora ainda nomeado bispo, em 1945, e foi ficando. E que nunca se casou, dizia que sua família era a igreja, onde era uma espécie de “faz tudo”.
Uma das funções que exerceu foi de sineiro. O jornalista Ivo Feitosa lembra: “Ele aprendeu a dar ritmo e beleza ao badalar dos sinos da Catedral, ainda manuais”, o que ainda estão presentes nas memórias de fieis que conheceram seu trabalho.
Por Lúcio Albuquerque