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12 de dezembro de 2024 – 12:53

Filhos ou papagaios?

*Por Moisés Selva Santiago

 

Muito pode ser dito sobre a responsabilidade dos pais em relação ao futuro das filhas e filhos. Acredito, até, que este tema é inesgotável, pois a cada geração surgem novos desafios para as famílias. E entre todas as questões, há uma que não devemos esquecer: a construção da personalidade sadia e feliz dessas filhas e filhos a quem tanto amamos.

Sabemos que é preciso “ensinar a criança o caminho em que ela deve andar” e muitos pais fazem isto. Ótimo! Mas aqui reside o problema: temos ensinado o caminho da vida ou criado clones? Digo isto porque conheço alguns jovens que se assemelham a papagaios de pirata, repetindo o que os pais dizem como sendo a verdade deles. E assim como a ave no ombro do marujo, navegam pela vida sem construírem sua própria identidade e história.

É prazeroso quando filhas e filhos se orgulham das façanhas dos pais e, de certa forma, gostariam de vivenciá-las. Mas, ninguém vive a vida do outro, ainda mais porque o mundo muda o tempo todo. No passado, as crianças eram tidas como miniaturas de adultos, inclusive nos trajes. Agora, encontro jovens despreparados para viverem suas vidas porque não foram desafiados a serem eles mesmos. Infelizmente, a imitação do adulto passou da roupa para a maneira de ser, pensar e agir.

Daí eu insisto: cabe aos pais fornecerem elementos conceituais e práticos que levem as filhas e os filhos a se posicionarem diante de si mesmos, do mundo e de Deus – assumindo o preço das escolhas diárias. Cada nova geração precisa saber pronunciar o mundo, no dizer freireano, e isto implica em aprendizado contínuo. Saber errar e acertar. Honrar e dar continuidade ao passado dos pais, mas sem serem suas réplicas de histórias e eco de palavras. Jovens que sejam e tenham mais do que os pais foram e tiveram: maior conhecimento, melhores bens, mais tecnologia e sobretudo maior responsabilidade e respeito pela Natureza, pelo Outro, pelo Diferente.

Papagaios não sabem ler mapas. Imitam no máximo o som de 60 palavras. Não olham pelas lunetas nem conduzem o leme. Jamais levariam uma nau ao destino. Ao contrário, desejamos que nossas filhas e filhos entendam quais são as melhores rotas, enxerguem as excelentes oportunidades, acertem em suas decisões e aprendam a conduzir suas vidas aos destinos corretos com maturidade e felicidade. Afinal, eles são nossos filhos ou coloridos papagaios?

*Por Moisés Selva Santiago – Pastor, professor,  jornalista, escritor

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