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12 de dezembro de 2024 – 08:29

Guerra entre Israel e Palestina provoca tensões políticas no Brasil

Embora não interfira diretamente no Brasil, o conflito é explorado por representantes de esquerda e de direita

Abed Rahim Khatib/Agência Anadolu via Getty Images

O ataque do grupo extremista islâmico Hamas contra Israel, no último sábado (7/10), representa a maior ofensiva contra o território israelense em anos e estreia um novo capítulo do conflito que se arrasta há décadas. Em resposta, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, decidiu declarar guerra, o que fez subir a temperatura de visões políticas divergentes também em território brasileiro.

Especialistas consultados pelo Metrópoles avaliam que, apesar de a situação no Oriente Médio não ter efeitos diretos no cenário político brasileiro, a temática é explorada por articuladores tanto de esquerda quanto de direita, como uma forma de “prestar contas” ao eleitorado.

“Há tendência de aproximação da centro-esquerda com a causa palestina, mas também sabendo que o Hamas exagerou, foi terrorista e tem que ir com calma. Lula e seu entorno sabem que não é tão simples assim, tem muitas nuances. Acho que influencia pouco o quadro interno da polarização. O político está basicamente falando para o eleitor dele”, afirmou o cientista político André Pereira César.

Além de deputados, senadores e ministros, os partidos têm se posicionado. Siglas como PSol, PCdoB e PCB, por exemplo, manifestaram seu apoio a um ato a favor da Palestina previsto para ocorrer em Brasília, nesta terça (10/10).

O analista internacional ressaltou que outros aspectos influenciam os posicionamentos, além de fatores políticos, como interesse industrial, agroindústria diversa e comércio estrangeiro.

Lula chegou a ser cobrado pela oposição. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que petistas e apoiadores “não condenaram os terroristas e todas as atrocidades cometidas pelo Hamas”, e questionou: “Alguém sabe o motivo?”.

A divergência em apoiar Israel ou Palestina foi ecoada até por membros do governo Lula. Paulo Pimenta, ministro da Secretaria da Comunicação Social, destacou as vítimas palestinas, mas amenizou ao escrever que espera pela paz e por um cessar-fogo entre as nações.

O Brasil assumiu a Presidência do Conselho de Segurança da ONU com intenção de tratar temas ambientais, mas terá uma “chance de ouro” para se solidificar como membro permanente, se souber conduzir bem o conflito entre Israel e Palestina.

Sem obter consenso no colegiado, o Brasil pautou uma reunião, mas não avançou no tema. Para o cientista político André Pereira César, ainda assim, apenas o fato de reunir os países já representa uma vitória brasileira.

“O Brasil tem uma tradição diplomática forte, e o governo Lula está muito cauteloso. Se fosse o governo Bolsonaro, eu não sei como se daria isso. Mas, sendo o governo Lula nessa anormalidade, ficou mais fácil de trabalhar a questão. É uma chance de ouro para o governo brasileiro que pleiteia um assento permanente no Conselho de Segurança.”

Feijó, analista internacional, disse que a Presidência não tem tanta influência na ONU, mas ressaltou que o Brasil possui “ótimos laços com Israel e Palestina” e uma “posição peculiar a se apresentar como potencial intermediador”.

A fumaça sobe à medida que os confrontos entre grupos palestinos e as forças israelenses continuam na Cidade de Gaza Mustafa Hassona/Anadolu Agency via Getty Images

A situação palestina e israelense sob a visão brasileira ganhou uma nova perspectiva durante o governo de Jair Bolsonaro, que decidiu abandonar a posição tradicional do Itamaraty de apoio à criação de dois Estados – ou seja, a demarcação oficial de um território palestino, como defende a Organização das Nações Unidas (ONU).

Como em outros aspectos políticos, Bolsonaro seguiu um alinhamento pró-Israel, mais uma agenda “importada” dos Estados Unidos. Em um exemplo mais claro, o ex-titular do Planalto define o Hamas como um grupo terrorista, uma denominação não adotada pela ONU.

“Para que a paz reine na região, lideranças palestinas precisam abandonar o terrorismo e reconhecer o direito de Israel existir”, frisou Bolsonaro, ao se pronunciar sobre o conflito.

Lula, por outro lado, tem uma visão de mundo a favor da neutralidade, ao condenar ataques a civis – proposta do governo brasileiro também em outros conflitos bélicos, como o caso da Rússia e da Ucrânia. Ao contrário de Bolsonaro, o atual titular do Planalto defende “a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel, dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”.

Repatriação de brasileiros

A Força Aérea Brasileira (FAB) já enviou dois aviões para essa operação de repatriação de brasileiros que vivem em Israel. Ao todo, o governo planeja enviar seis aeronaves para buscar os mais de 1,7 mil brasileiros que pediram ajuda para sair da zona de conflito. Também serão disponibilizados médicos e psicólogos para prestar assistência aos resgatados.

A previsão é que o primeiro voo desembarque no Brasil na madrugada de quarta (11/10).

(Fonte: Metrópoles)

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