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12 de dezembro de 2024 – 14:49

Crônica de Luiz Albuquerque (*)

Com a evolução da tecnologia, certos costumes foram sendo esquecidos ou mesmo tornaram-se desconhecidos pelas novas gerações. Um deles é o dia da mentira, 1° de abril.

Até há poucos anos a data era esperada, até com ansiedade, principalmente pela criançada que, bem antes, já bolava de quais maneiras iriam pregar mentiras nos irmãos, nos colegas e mesmo nos pais. Era divertido ver o outro “cair na mentira”, acreditando serem verdadeiros os nossos relatos.

Inclusive, uma das estórias mais contada para a criançada era a do Pinóquio, o menino que, feito de madeira, só conquistou o direito de se transformar em um garoto de verdade após parar de mentir.

Ainda que ninguém se importasse muito com isso, o Dia da Mentira também tem história, e a versão mais conhecida diz que tudo aconteceu no século 16, na França, onde o Ano Novo era comemorado do dia 25 de março ao dia 1º de abril. Em 1564, o rei Carlos IX decidiu que o Ano Novo seria celebrado no dia 1º de janeiro, devido a adoção do calendário gregoriano.

Acontece que muitas pessoas demoraram a se acostumar com o calendário e outras até resistiram à troca da data. Essas pessoas tornaram-se alvo das mais variadas formas de ridicularização. Eram chamadas de “bobos de abril”, recebiam convites para festas que não existiam e ganhavam cartões e presentes esquisitos no dia 1º de abril.

No Brasil , a data foi marcada quando, em 1º de abril de 1828, um jornal mineiro chamado “A Mentira” teria publicado a notícia falsa sobre a morte de d. Pedro I, então imperador do Brasil. A prática consolidou no país.

Em 30 de outubro de 1938, o relato de marcianos invadindo a Terra assustou os milhões de ouvintes da rádio CBS, nos EUA.

Na verdade, o noticiário era uma adaptação do livro “A Guerra dos Mundos”, de H. G. Wells. A narrativa retratava a queda de um meteoro em uma fazenda de Nova Jersey e a descoberta de que o meteoro era uma nave cheia de alienígenas munidos de raios mortais e inclinados a exterminar a espécie humana.

Hoje a mentira está sendo substituída pelo termo inglês, “fake news”.

Fake news (notícia falsa, em português) é um termo novo, ou neologismo, usado para se referir a notícias fabricadas. O termo fake news originou-se nos meios tradicionais de comunicação, mas já se espalhou para mídia online.

Assim, levada pela onda linguística que nos invadiu trocando palavras e termos do português para o inglês em nosso dia a dia, até a mentira está deixando de existir, dando lugar ao tal do “fake news”. Ou será que isso também não é só mais um fake news ?


(*) Escritor, especialista em técnicas de vendas, editou durante muitos anos o boletim “Circulando Porto Velho”.

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