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12 de dezembro de 2024 – 16:07

Pesquisa da UFPA multiplica fruto mais rico do Brasil e desenvolve técnica para restaurar região da Amazônia

Classificado como o ‘Rei da Vitamina C’ mundo afora, o camu-camu tem alto valor nutritivo, embora ainda seja pouco conhecido pelos brasileiros

Divulgação/UFPACamu-camu é ainda pouco conhecido pelos brasileiros, mas é conhecido como o Rei da Vitamina C no mundo afora

 

Um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), está multiplicando mudas do fruto mais rico do Brasil para ajudar a restaurar áreas da região amazônica. Conhecida como camu-camu, a fruta é originária da própria zona da Amazônia, tem casca roxa, opaca e grossa. Classificado como o “Rei da Vitamina C” mundo afora, ele tem alto valor nutritivo, embora ainda seja pouco conhecido pelos brasileiros. Para desenvolver a iniciativa, os pesquisadores estudaram técnicas para melhorar a forma de coletar sementes, produzir mudas e realizar os plantios de diversas espécies, incluindo o camu-camu – o camucamuzeiro inicia a floração entre 2,5 a 3 anos após o plantio. Assim, cerca de 45 mil mudas, de aproximadamente 35 espécies, foram manejadas durante a execução do estudo e replantadas, restaurando até o momento 80 hectares – o equivalente a 112 campos de futebol. Uma parte das mudas foi doada para a UFPA, para as comunidades locais envolvidas no projeto e para Secretaria de Meio Ambiente de Vitória do Xingu para ações de plantio na região.

Durante o projeto, em 30 meses, aproximadamente uma tonelada de sementes, de diversas espécies, foram coletadas pelos moradores da região. “Em qualquer parte do mundo a pesquisa é um norteador de conhecimento, mas também de tecnologia. Quando unimos projetos de ciência e tecnologia e podemos contribuir para a capacitação de moradores da comunidade local, além resultados técnicos, também conseguimos gerar o que a comunidade precisa a curto prazo. O projeto permitiu formar capital humano e atender as necessidades das comunidades”, concluiu o professor Emil José Hernandez, doutor e coordenador do curso de Biologia da UFPA. Morador da comunidade Kaituká, Marloson Lima da Silva atuou como auxiliar técnico ao longo do estudo, recebendo apoio financeiro e capacitação para trabalhar na coleta das sementes e no replantio. “Meu entendimento era o de um ribeirinho. Hoje, eu consigo enxergar de forma diferente com o aprendizado que recebi. Estamos entrando em um ciclo de preservação, porque o mundo está pedindo e a gente tem que se habituar a isso para deixarmos um legado para nossos filhos e netos”, resumiu.

Sobre o camu-camu

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aponta que o camu-camu possui 20 vezes mais vitamina C do que a acerola. Com teor de vitamina C de 2,7g em 100g de polpa, em média, o que equivale a quase 40 vezes ao da polpa de laranja ou 60 vezes ao suco de limão, podendo chegar a 3,0g por 100g de polpa integral, apesar de seus inúmeros benefícios à saúde e de ser um fruto com grande potencial econômico, ainda não é amplamente consumido no Brasil. O camu-camu tem despertado o interesse de diversos setores industriais como fármaco, cosmético, conservante natural e alimentício. Da casca extrai-se corante natural. Além disso, o tipo de vitamina C encontrado no camu-camu não é destruído pelo calor. A produção de polpa se destina à exportação para países como a França e Japão, onde é utilizada na elaboração de bebidas alimentícias, preparo de sorvetes, geleia, doces, licores, novo sabor para refrigerantes, bem como na confecção de cápsulas e pastilhas de vitamina C.

O que é o P&D

Desenvolvido pela Norte Energia, empresa concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento PD-07427-0221/2021 foi intitulado de “Metodologias inovadoras de Restauração Ecológica com ênfase no enriquecimento nutricional para a fauna do Trecho de Vazão Reduzida da UHE Belo Monte: integrando modelos bioeconômicos à conservação dos ecossistemas amazônicos”. Executado pela BIOCEV Serviços de Meio Ambiente e Fundação do Instituto de Biociências (FUNDIBIO), em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), o projeto obteve excelentes resultados.

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