PF investiga casos de intoxicação por metanol em São Paulo e possível rede de distribuição em outros estados

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Da Redação — A Polícia Federal abriu inquérito para investigar a origem do metanol utilizado na adulteração de bebidas alcoólicas em São Paulo. A determinação partiu do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que destacou nesta terça-feira (30) a possibilidade de a substância estar sendo distribuída também em outros estados.

Até o momento, o estado de São Paulo confirmou seis casos de intoxicação, com três mortes já associadas ao consumo de bebidas contaminadas. Outros dez episódios estão sob apuração, enquanto um foi descartado. Segundo o Ministério da Saúde, não há registros de novos pacientes.

Como ocorre a adulteração

Segundo autoridades, falsificadores utilizam garrafas de marcas conhecidas de destilados, como gin e vodca, e substituem parte do conteúdo por metanol. Os sintomas de intoxicação podem levar horas para aparecer e incluem dores abdominais intensas, náusea e até perda súbita da visão.

Medidas de fiscalização

No último sábado (27), a Secretaria Nacional do Consumidor recomendou atenção especial a bares, adegas e estabelecimentos que comercializam bebidas, orientando o público a observar rótulos, selos e embalagens.
Equipes de vigilância sanitária e da polícia já iniciaram fiscalizações em bares da capital paulista. Em uma dessas operações, 117 garrafas sem rótulo foram apreendidas.

Situação considerada “anormal”

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, classificou o quadro como fora do padrão. “O país costuma registrar cerca de 20 intoxicações por metanol por ano. Só em São Paulo, desde setembro, já tivemos quase metade desse número”, afirmou. O ministério deve publicar uma nota técnica para orientar profissionais de saúde sobre identificação de casos suspeitos, sem necessidade de aguardar confirmação laboratorial.

O Brasil possui 32 centros de informação e assistência toxicológica do SUS espalhados pelos estados. Em São Paulo, o CCI-SP mantém atendimento pelos telefones (11) 5012-5311 e 0800 771 3733.

Possível ligação com crime organizado

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, não descartou a hipótese de envolvimento do PCC. Ele lembrou que investigações recentes já haviam identificado a importação ilegal de metanol usado para adulterar combustíveis no porto de Paranaguá (PR). A suspeita é que parte desse estoque tenha sido redirecionada para destilarias clandestinas.

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) reforçou essa linha de investigação, destacando que operações contra distribuidoras de combustível ligadas ao crime organizado podem ter levado quadrilhas a revender o produto para falsificação de bebidas alcoólicas.

Recomendações à população

As autoridades de saúde recomendam adquirir apenas bebidas de fabricantes legalizados, com lacres de segurança, rótulos originais e selo fiscal. Produtos de procedência duvidosa devem ser evitados, já que pequenas doses de metanol podem causar cegueira, convulsões e até morte.

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