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7 de outubro de 2024 – 06:32

A REPRESENTAÇÃO DA VELHICE – Por Luiz Albuquerque

A REPRESENTAÇÃO DA VELHICE


Luiz Albuquerque
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Quando eu era criança, havia uma vizinha que andava sempre com um vestido grande e folgado. Ela tinha a pele muito clara, e os cabelos eram brancos, ondulados e dispersos. Não sei por que, mas, nos meus quatro, cinco ou seis anos de idade, a visão daquela senhora representava, para mim, a velhice. Hoje acho que talvez ela nem fosse assim tão velha, seria apenas descuidada com a aparência. Com o passar dos anos criei novos conceitos de velhice

Na adolescência, aos treze ou catorze anos, quem tinha uns trinta já me parecia um tanto velho. Aos vinte achava que nunca eu chegaria aos quarenta. E assim o tempo passou. Engraçado, nem senti o tempo passar. Simplesmente vivi.

Passei dos setenta. Às vezes acho que ainda posso ter (sei lá) uns dez, até mesmo vinte anos pela frente. Com a minha idade, todo mundo espera que eu pense como velho, fale como velho, aja como velho. E, às vezes, eu faço tudo como velho, mesmo. Afinal, no nosso conceito cronológico, estou velho. Mas, na maioria das vezes eu ajo fora destes padrões. Brinco, falo, bebo, danço como se tivesse bem menos idade. E, principalmente, fujo de encontros onde, pelas brincadeiras e exercícios, idosos são indiscriminadamente tratados como se fossem crianças na primeira idade. Esquecem, tais especialistas, que vivemos na época da Internet, do IA (ou AI, como querem alguns), quando tanta coisa pode ser oferecida, seja em forma de exercícios ou de outras práticas, independentemente da idade de quem participa.

Sei que a velhice limita a pessoa, mas creio que a maioria das pessoas aceita os limites mais do que elas poderiam demonstrar de potencial. Afinal, já vai longe o tempo quando a aposentadoria significava vestir pijama e só tirar se fosse pra vestir um outro, este definitivo, o tal pijama de madeira. Assim, se consigo fazer algumas coisas a mais não é porque sou melhor que outros, mas porque simplesmente faço. E, se eu faço, pode ser que alguns daqueles que hoje se limitam também poderiam fazer.

Hoje sei que tenho a aparência envelhecida. Não posso negar que encontro gente mais velha que eu com a aparência bem mais jovem, mais disposto, mais ativo. Porém, infelizmente, o que vejo é a maioria das pessoas na minha faixa de idade, ou até mais novos, numa condição que me dá pena. E aí, assim como quando criança eu via na velha e descabelada senhora, hoje vejo nessas pessoas a real representação da velhice.

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