O dólar fechou acima de R$ 5,50 pela primeira vez na história nesta quinta-feira (23), pressionado por uma possível saída do ministro da Justiça, Sérgio Moro, do governo, e por expectativas de mais um corte na taxa Selic, atualmente a 3,75% ao ano.
No fim do dia, terminou cotado a R$ 5,5278 na venda, em alta de 2,19%, novo recorde histórico nominal e maior valorização percentual desde o fim de março, respectivamente.
O mercado reagiu negativamente por entender que uma eventual saída de Moro traria mais tensões políticas dentro do governo e pode acabar piorando a avaliação do próprio presidente. Moro está entre os ministros mais bem avaliados pela população. O noticiário vem depois da demissão do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, então também bem avaliado pela população.
Depois que a moeda norte-americana havia atingido o patamar de R$ 5,4695, logo após a abertura, o BC anunciou para um leilão de swap tradicional de até 10 mil contratos com vencimento em agosto de 2020 e janeiro de 2021, em que vendeu o total da oferta.
Além da operação realizada logo após a abertura, o BC ainda fez outro leilão de até 10 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento 1º de junho de 2020. Nas primeiras horas da sessão, a alta chegou a desacelerar, operando ao redor de R$ 5,4340, mas voltou a ganhar fôlego após as 12h.
“Temos que olhar o contexto: ontem e segunda vimos o mercado mudando a percepção em relação à política monetária, e a perspectiva de queda de juros mais intensa no curto prazo pressionou a moeda (brasileira)”, disse Flavio Serrano, economista sênior do banco Haitong.
A redução da taxa Selic a mínimas históricas afeta rendimentos atrelados aos juros básicos no Brasil, tornando o país menos interessante para investidores estrangeiros, o que tende a afetar o mercado de câmbio.
Nesta quinta-feira, o real continuou pressionado no início da manhã, “contrariando os mercados, que estavam mais tranquilos, com o petróleo subindo e as coisas ficando menos distorcidas em termos de preço”, disse Serrano, o que levou à intervenção do BC, que ajudou a segurar, temporariamente, a disparada do dólar.
Em relatório, o banco UBS projeta, no cenário mais pessimista, que a moeda norte-americana termine 2020 cotada a R$ 5,75, e, em 2021, a R$ 7,30. Já no cenário mais otimista, o dólar fecharia este ano a R$ 4,45 e o ano que vem, em R$ 4,30.
(Fonte: CNN).