Cacoal/RO, 18 de maio de 2024 – 00:56
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18 de maio de 2024 – 00:56

6 DE AGOSTO : Uma data muito festiva para Acre e Rondônia, mas com duplo significado na vizinha Bolívia (Parte 1)

Por Lúcio Albuquerque, repórter, [email protected]

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A mesma data, mas com vários significados de um de outro lado da fronteira Brasil/Bolívia. Assim se pode escrever o significado do dia 6 de agosto para bolivianos, da mesma forma que para os brasileiros, com destaque para os acreanos, e nós de Rondônia, porque podemos usar um termo comum, tipo “E por aqui tudo começou naquele 6 de agosto, há 119 anos”.
E até registrar também que no dia 6 de agosto de 1983 explodiu a primeira grande crise política no recém-criado Estado de Rondônia, numa sequência do que já vinha se formando desde a instalação da Assembleia Estadual Constituinte.

NA BOLÍVIA
Na Bolívia o 6 de agosto tem duas marcas distintas, a primeira delas, e certamente da maior importância para “los Hermanos de la Banda”, como costumam dizer alguns de seus “irmãos” do lado de cá, a data relativa ao ano de 1825, quando o país teve proclamada sua independência em relação a Espanha.
Na brasileira Guajará-Mirim e na boliviana Guayaramerin a data até pouco tempo marcava uma celebração “binacional”, porque, como costumam dizer alguns de seus “irmãos” do lado de cá, ou, como diz o historiador e romancista Paulo Cordeiro Saldanha, quando fala da fronteira na região rondoniense, “os rios Guaporé e Mamoré mais nos unem que nos separam”.


A GUERRA DO ACRE
O seis de agosto (de 1902) também marca uma data que não traz boas lembranças para os bolivianos, porque oficialmente é a data do início da chamada “Guerra do Acre”, quando Plácido de Castro, um gaúcho que se instalara na região que depois seria o Estado do Acre.
Desde a segunda metade do século XIX quando a borracha começou a ser exigida pelo mercado mundial, e a descoberta de uma quantidade imensa de seringueiras, material fundamental para a confecção das “pelas”, grupos, em maioria, de nordestinos fugindo das secas daquela região brasileira, começaram a ser cooptados para buscar a Hevea brasiliensis.
Aos poucos os nordestinos começaram a chegar aos “altos rios”, nas regiões de maior incidência da seringueira, especialmente no que seria depois o Acre, terras pertencentes ao estado boliviano. A disputa pelas terras foi crescendo até explodir em duas tentativas de brasileiros em assumir aquelas terras.
Em 1902 um grupo de seringueiros e donos de terras, comandado pelo gaúcho Plácido de Castro retomou a disposição de resolver pelas armas uma questão que já se arrastava há anos.
No dia 6 de agosto daquele ano Plácido de Castro passou da conversa à ação e começou uma guerra cujos números de combatentes, mortos ou feridos depende do lado que o historiador estiver.
O fato seguiu-se de várias batalhas que, um ano depois levou à assinatura do “Tratado de Permuta de Territórios e outras Compensações”, mais conhecido por “Tratado de Petrópolis” – referência à cidade brasileira onde foi assinado por representantes dos dois países à frente da comitiva brasileira o Barão do Rio Branco.

RONDÔNIA
Além do pagamento de 2 milhões de libras-ouro pelo Brasil à Bolívia, ficou estabelecida a construção de uma ferrovia margeando as corredeiras do Rio Madeira – a ferrovia Madeira-Mamoré, construída entre 1905 e 1912 mas a Bolívia sempre cobrou que o contrato não foi cumprido totalmente.
Disso tudo um fato importante foi que, com a construção da Madeira-Mamoré de Santo Antônio a Guajará-Mirim (cidades então pertencentes ao Estado de Mato Grosso) e a extensão de seu traçado até ao local que seria chamado Porto Velho (Amazonas).


A ferrovia, que funcionou de 1912 a 1972, permitiu o desenvolvimento da região que é o embrião para o que seria, 72 anos após a inauguração, o Estado de Rondônia, com as terras dessa nova Unidade Federativa constando de áreas de Mato Grosso e Amazonas desde 1943, quando foi criado o Território Federal do Guaporé.

CRISE DE 6 DE AGOSTO
Com a posse, em fevereiro de 1983, da primeira composição de deputados estaduais de Rondônia, eleitos em 1982, começou a ser elaborada a primeira composição da Assembleia Estadual, então atuando só como “Constituinte”.
Outro fato, esse de caráter político e que desaguou no dia 6 de agosto, por motivos diversos, como a falta de tato político do governador Jorge Teixeira, de um lado e, de outro, o afogueamento de um grupo de deputados, constituintes até aquela data em 1983. (Mas isso é assunto para amanhã.)

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Plácido de Castro, herói da guerra do Acre, acabou assassinado a mando de alguns dos ex-companheiros

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Com enorme área de florestas cheias de seringueiras, isso foi a isca para que brasileiros entrassem em território acreano na segunda metade do Século XIX
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O tratado de Petrópolis levou à construção da ferrovia Madeira-Mamoré que a seguir foi o embrião para o surgimento do Estado de Rondônia
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Deputados Jerzy Badocha, Osvaldo Piana, Zuca Marcolino, José Bianco (presidente), Ronaldo Aragão e Angelo Angelin – mesa diretora da 1ª Assembleia Constituinte de Rondônia

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