Cacoal/RO, 11 de maio de 2024 – 05:37
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11 de maio de 2024 – 05:37

Coluna do Xavier – CACOAL:  A POLÍTICA, A JUSTIÇA E OS GARÇONS…

Por Francisco Xavier Gomes

 

CACOAL:  A POLÍTICA, A JUSTIÇA E OS GARÇONS…

 

A cidade de Cacoal é conhecida no estado como um dos principais polos de Rondônia e o conceito não é consequência do mero acaso. Nossa Urbe Obediana tem excelentes restaurantes, balneários, empresas muito sólidas, índice baixo de criminalidade, boas escolas, trabalhadores muito dedicados no setor de saúde e uma população que deseja sempre o crescimento do município. Infelizmente não se pode dizer a mesma coisa do universo político, principalmente porque a maior parte dos vereadores dessa atual legislatura faz um esforço muito grande para provar o contrário. O episódio ocorrido com o vereador Lauro Costa Kloch, revela, porém, que muitos dos vereadores que se declaram justiceiros, honestos e muito responsáveis são apenas pessoas sem nenhum preparo para a vereança e possuem uma disposição muito grande para bajular pessoas economicamente estabilizadas e crucificar aqueles que, sem poder aquisitivo  e sem berço, são chicoteados em praça pública, sempre que não fazem o jogo do grupo que atualmente domina o legislativo municipal. O Garçom do Semáforo teve uma oportunidade muito clara para perceber quem são seus colegas de mandato e conhecer a essência política desses senhores…

A história começou quando o Garçom do Semáforo foi preso, em função de não ter comparecido para depor em um processo no qual teve o nome citado por um homem que desferiu nove facadas no vereador, alguns anos atrás. O agressor confessou na delegacia que tentou matar o vereador, porque sentiu ciúmes da namorada e disse que imaginava que o vereador tinha um romance com ela. A moça foi chamada a depor em diversas ocasiões e negou, em todas as ocasiões, qualquer tipo de relacionamento com Lauro Kloch. A prisão do vereador não foi decretada pelo fato de ele ter participado de nenhum crime e isto ficou claro na sentença de absolvição do vereador Lauro Garçom, porque os advogados do vereador, Dr. Paulo Henrique e Dr. Alia Pio, apresentaram uma defesa muito bem elaborada e mostraram que não houve participação do vereador em nenhum estupro. Sua prisão fora decretada pelo fato de ter mudado de cidade e de não ter comparecido para os depoimentos. Esse tipo de prisão está claramente previsto na legislação em vigor e, por isso, não há que se discutir se a prisão foi justa ou injusta. O magistrado não inventou nenhuma regra. Claro que é discutível e questionável o fato de uma pessoa que exerce mandato em uma das principais cidades de Rondônia não ter sido encontrada para ser intimada. O vereador disputou a eleição de vereador e deputado estadual, quando era procurado para ser intimado…

É preciso esclarecer que, para ser candidato, é necessário apresentar à Justiça Eleitoral todas as certidões de antecedentes criminais e o vereador apresentou. Ele foi eleito e diplomado para tomar posse. A diplomação é o ato da Justiça Eleitoral que indica que não existe nenhum impedimento para o exercício do mandato. A situação é muito estranha! E muito mais estranha foi a conduta dos colegas de mandato, que fizeram de tudo para condenar o vereador, antes que o Tribunal de Justiça de Rondônia analisasse o processo e julgasse os fatos. Os vereadores, nitidamente, usaram o PSB de Cacoal, usaram o presidente do partido e forçaram uma sessão, em período de recesso, para afastar o vereador, quando não tinham nenhuma informação sobre os fatos. Eles alegaram que a “imagem” da Câmara de Cacoal não poderia ser “manchada” pelo Garçom. Qual imagem? A imagem da farra de diárias, a imagem da omissão, a imagem da covardia, a imagem da discriminação, a imagem da hipocrisia… Lauro Kloch foi julgado e condenado precipitadamente pelos colegas, apenas porque é um garçom, e todo mundo sabe disso. O outro principal motivo é que ele não faz parte do grupo que preside a Câmara de Cacoal. O atual presidente da Casa foi denunciado formalmente por uma servidora municipal e acusado de assédio sexual, mas nunca foi incomodado pela Comissão de Ética da Câmara Municipal. Ao contrário disso, os vereadores da Comissão de Ética chagaram a dizer publicamente que desconheciam as acusações contra o presidente. A diferença é que o presidente não é garçom do semáforo; ele é garçom para servir as benesses do seu grupo político. A Câmara de Cacoal possui duas espécies de garçons…

Felizmente, o Garçom do Semáforo conseguiu contar com o apoio dos colegas João Picheck, Toninho do Jesus, Corazinho e Paulo Henrique. Aliás, o Dr. Paulo Henrique, em trabalho conjunto com o Dr. Alia Pio, fez um excelente trabalho de defesa do vereador Lauro Garçom. Defesa técnica e defesa política. Meus cumprimentos aos advogados do vereador, porque não é fácil defender uma pessoa, quando parte da sociedade condena, quando a maioria dos colegas condenam e quando há claro interesse da Casa Legislativa em cassar o mandato. É importante destacar que os vereadores aqui citados nominalmente tiveram uma personalidade que merece elogios e agiram de maneira honesta com o colega. A absolvição do vereador Lauro Garçom no Tribunal de Justiça de Rondônia servirá como importante lição para que ele saiba quem são seus colegas e para ele perceber que a Comissão de Ética da Casa tinha muita pressa em condená-lo, ainda que não tivesse motivos. A tendência, agora, será a comissão de ética continuar dizendo que desconhece as denúncias contra o presidente, porque uma coisa é condenar o Garçom do Semáforo; outra coisa, muito diferente, é condenar o Garçom das Benesses…

Finalmente, esclareço que não sou eleitor do vereador Lauro, mas a minha condição de independência como eleitor não me dá o direito de condenar pessoas sem provas, porque isso é papel vexatório e exclusivo da Comissão de Ética da Câmara de Cacoal, cuja tiflose seletiva parece ser a principal essência ética… Tenho dito!!!!

 

FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Jornalista

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