Cacoal/RO, 12 de maio de 2024 – 15:39
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12 de maio de 2024 – 15:39

Coluna do XAVIER: CACOAL: OS (AS) PROFESSORES (AS), OS MISÓLOGOS E OS JACOBEUS…

As pessoas que têm professores/professoras na família ou que possuem algum nível de proximidade com esses profissionais sabem que os últimos dois anos não têm sido fáceis, porque a pandemia da covid-19 criou uma rotina muito exaustiva, árdua e invisível, já que as atividades remotas são praticadas a partir do celular ou computador. Antes mesmo da pandemia, professoras/professores já eram agredidos duramente, pelas pessoas que desconhecem completamente as atribuições e a importância da profissão e, por esta razão, praticam agressões gratuitas, levianas, infundadas e totalmente despidas de qualquer análise que se aproxime de uma conduta compatível com a urbanidade. O ódio aos professores/professoras é uma doença que infelizmente atinge uma parcela gigantesca da sociedade, mas esta parcela não será vista a olho nu, na data de hoje, porque todas as pessoas que odeiam os professores/professoras não perderão a oportunidade de registrar os “parabéns”, como tem sido há décadas…

As redes sociais estarão cheias de homenagens aos professores/professoras, nesta sexta-feira!! Neste dia 15 de outubro, a moda será pregar o amor, o carinho e o respeito pelos professores/professoras. É uma pena que isto aconteça apenas um dia por ano e que esta importante categoria seja atacada por muitas pessoas, durante mais de 360 dias, nos demais meses do calendário. Há deputados, senadores, vereadores, magistrados e muitas outras pessoas que adotaram o discurso de que professores/professoras estão sem trabalhar em todo o período da pandemia. Quando se fala em volta às atividades presenciais, inúmeras pessoas confundem como sinônimo de ociosidade dos profissionais da educação. Ledo engano!!! Os aparelhos de celulares dos professores/professoras foram transformados em patrimônio do governo, o horário de atendimento aos alunos passou a ser enquanto houver carga nas baterias, incluindo-se sábados, domingos e feriados. Os quartos, salas, cozinhas, despensas e outros cômodos das residências foram transformados em estúdios para a produção de aulas remotas. E quem bancou os custos com estas instalações? Pergunta simples! Quem bancou foram os professores/professoras, porque o governo fingiu que não sabia de nada e que aulas remotas são preparadas num passe de mágica…

A educação brasileira passa por uma situação delicada, visto que o obscurantismo e a misologia ganharam muito espaço. Entretanto, o dia 15 de outubro ainda é espaço para homenagens e muitas pessoas dirão que sempre sonharam em ser professores, mas, por alguma razão, seguiram outras carreiras. Essa expressão “por alguma razão” substitui enésimas razões que não possuem explicações lógicas, mas que possuem explicações, num país onde os professores/professoras são insultados diariamente. Atualmente há projetos no Congresso Nacional propondo a extinção da profissão, os últimos ministros da educação fizeram duras campanhas publicitárias contra os professores, tudo por consequência da mamadeira fálica das campanhas eleitorais. Mas nem tudo está perdido! A parcela que prega o ódio contra professores/professoras é grande? Sim! Mas é uma camada constituída de pessoas que não sabem o que é uma escola e cultuam a desinformação. Hoje, e talvez até segunda-feira ou terça-feira, ainda veremos homenagens aos profissionais de educação. O problema é que muitas dessas manifestações são apenas por liturgia. Veremos muitos políticos dizendo que ser professor é a profissão mais importante do mundo, porém esses mesmos políticos são autores de muitas falas contra a educação. Em Rondônia, há nas câmaras de vereadores, e também na Assembleia Legislativa, vários mandatários que afirmam, todos os dias, que professores/professoras não trabalham, mas hoje eles farão discursos bonitos…

A educação em nosso país vive uma situação tão difícil que o ministro da educação faz campanhas, afirmando que as vagas em universidades devem ser para poucos; o ministro da economia faz discursos dizendo que universidades devem ser apenas para ricos. Isso estimula as pessoas que sofrem de misologia ou jacobice a pregar o ódio contra a educação. No estado de Rondônia, temos um governo que determina a queima de livros. Este fato revela que a missão de ser professor/professora precisa ser exercida com muito mais firmeza, porque é necessário ensinar para as futuras gerações que a lógica do pensamento e o amor à ciência servem para garantir o futuro do país. Não é possível promover a educação queimando livros; não é possível promover a educação declarando guerra aos professores/professoras; não é possível alcançar em pouco tempo todos os resultados que buscamos, quando há autoridades fazendo discursos contra os profissionais da educação; não é possível afirmar que os professores e professoras são respeitados, se as homenagens são feitas uma vez por ano e protagonizadas pelos jacobeus…

A educação em Rondônia pode ganhar muito em qualidade, porque temos excelentes profissionais, temos uma população com potencial para buscar os caminhos da ciência e temos necessidade de consolidar o conhecimento no estado. Faltam-nos governantes que consigam enxergar a realidade e perceber que não se faz educação de qualidade, sem respeitar os professores/professoras; sem respeitar a opinião dos profissionais da educação; sem fazer investimentos sólidos e muito menos com homenagens apenas nos discursos vazios ou nas redes sociais. É preciso investir na ciência, combatendo todas as atitudes misólogas, para que possamos pensar em professores/professoras que se sintam homenageados de verdade, extinguindo os jacobeus… Tenho dito!!!!

 FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Articulista

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