Cacoal/RO, 17 de maio de 2024 – 00:13
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17 de maio de 2024 – 00:13

Coluna do XAVIER: CACOAL: A HISTÓRIA, A CULTURA E OS PIONEIROS…

 

*Francisco Xavier Gomes

 As pessoas que conhecem a cidade de Cacoal e a história do município sabem que a população tem muito orgulho de falar de seus pioneiros, como se fossem verdadeiros heróis. Aliás, na Capital do Café, o pioneirismo é levado tão a sério que pessoas com 20, 30 ou 40 anos costumam declarar que são pioneiros, estabelecendo nova concepção ao termo e até ignorando pessoas como o nordestino Anísio Serrão, que chegou ao município em 1920, quando ainda era possível nadar nas águas cristalinas de rios como Pirarara, Tamarupá, Machado e até mesmo no Salgadinho. Foi o próprio Anísio Serrão que deu o nome de Cacoal à Nossa Urbe Obediana, em 1977, na época de sua emancipação. Obviamente que ainda é possível resgatar os rios aludidos e há pessoas que têm trabalhado para isso, na SEMMA, embora não seja fácil a missão. Na realidade, caso estivesse vivo, Anísio Serrão ficaria muito irritado em constatar que os rios que ele cuidava viraram esgoto e que os pioneiros com menos de 40 anos não conseguem encontrar um local para guardar a memória e a história dos pioneiros de verdade…

O meu leitor pode discordar e dizer que os pioneiros estão devidamente homenageados nas placas de ruas do bairro Green Ville. Claro que sim! E não posso negar tal fato, mesmo porque é visível, nos lugares onde as placas ainda estão em pé ou onde não apagaram. Todavia, isto é muito pouco para uma cidade que idolatra com tanto fervor seus pioneiros. Há casos em que o termo “pioneiro” parece estar oficializado ao nome das pessoas. Sempre que ocorre o falecimento de uma pessoa dessas que chegaram ao município nas décadas de 60, 70 ou 80, os anúncios de falecimento deixam claro que faleceu o “pioneiro” fulano de tal. Isto é muito importante, porque mostra o sentimento que há por dentro do cacoalense raiz. Resta saber quando os pioneiros deixarão de ser apenas nomes de placas no Green Ville, em homenagens póstumas. É preciso pensar grande, nobre e com ousadia, objetivando preservar a memória, a cultura e a história desses pioneiros, porque pioneirismo não se limita a nome de placas ou ruas. O próprio Anísio Serrão, o pioneiro-mor, é lembrado apenas com o nome de uma rua. Isso é um despautério!!! Não é possível que uma cidade onde ser pioneiro é tudo não reserve destino melhor para as pessoas que construíram a cidade. Aliás, o magistrado Mário Milani foi muito feliz, quando declarou, na sessão que homenageou a Tribuna Popular de Cacoal, que é preciso pensar em fazer homenagens para as pessoas, enquanto estão vivas… Dr. Milani tem toda razão!!!!

Mas como faz parte da cultura brasileira homenagear mortos, não custa nada encontrar uma solução para consolidar o amor que os cacoalenses têm por seus pioneiros. E como isto seria possível? Vamos discutir o assunto! Minha sugestão é que Cacoal crie o Museu dos Pioneiros. O museu pode abrigar imagens, obras literárias, objetos pessoais, estátuas, monumentos e tudo mais que possa lembrar os pioneiros. O meu leitor pode perguntar onde haveria espaço para fazer isso. É tão simples!!! O Complexo do Arrancadão seria excelente opção, porque já existe uma estrutura voltada para eventos culturais. Basta que haja pessoa interessadas em fazer as adaptações e concretizar a ideia. Ali haveria espaço até para expor o parque gráfico da Tribuna Popular de Cacoal, fato que resolveria a preocupação do Perin. E quem poderia cuidar do Museu dos Pioneiros? É tão simples!! A prefeitura poderia fazer uma tabela de plantão de vigilantes. Nem precisa criar Guarda Municipal, para fazer isso (Que meu amigo Kapiche me desculpe, mas essa história de Guarda Municipal em Cacoal é totalmente descabida). Se a prefeitura criasse espaços para as famílias mostrarem seus pioneiros, as próprias famílias poderiam ajudar cuidar. E não me venham os pessimistas dizer que não dá certo, porque tenho total aversão a pessoas pessimistas!!! Cacoal poderia fazer do Complexo do Arrancadão excelente opção de lazer e visitação. Vale lembrar que o local fica no caminho do aeroporto…

Não existe em Rondônia nenhuma cidade que tenha um museu exclusivo para pioneiros. Cacoal seria pioneira da ideia! E nem precisa falar que foi sugestão minha, porque sou forasteiro e beiradeiro dos lendários Guaporé e Mamoré. Minha sugestão de fazer o Museu dos Pioneiros no Complexo do Arrancadão não é uma ideia fixa, mas seria uma forma de otimizar um local que foi criado para estas coisas, custou milhões de reais e não serve para nada hoje. Já imaginaram os setores de exposição de pioneiros de cada família interessada e lanchonetes com produtos da cidade? E nem precisa fazer o Museu dos Pioneiros no CA, caso não queiram. Basta utilizar outro local abandonado de Cacoal. As opções não faltam: Unidade Mista, Antiga Semast, Antigo Sesi, Vila Olímpica, Defensoria Pública, Teatro Municipal, a Pracinha da Prefeitura e outros enésimos imóveis do município que não possuem nenhuma utilidade hoje, porque foram abandonados e seguirão inutilizados, caso nenhum pioneiro adote as providências necessárias…

Finalmente, quando o Museu dos Pioneiros for criado em Cacoal, haverá uma maneira de fazer todas as homenagens possíveis, oferecer produtos próprios de Cacoal no local e apresentar aos nossos vereadores uma nova opção para o turismo. Essa ideia de fazer turismo em Porto-Velho ou Brasília, recebendo uma mixaria em diárias, será coisa do passado, porque teremos um local próprio para cuidar da história, do lazer, do turismo, da cultura e dos pioneiros… Tenho dito!!!!

*FRANCISCO XAVIER GOMES – Professor da Rede Estadual e Articulista

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