Cacoal/RO, 17 de maio de 2024 – 04:12
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17 de maio de 2024 – 04:12

Coluna do Xavier – CACOAL: A POLÍTICA, AS PÁSCOAS E OS JUDAS…

Por Francisco Xavier Gomes 

 

CACOAL: A POLÍTICA, AS PÁSCOAS E OS JUDAS…

A prática política de muitas pessoas que vivem o cotidiano deste universo é marcada pela existência de inúmeras propostas vazias feitas em períodos eleitorais e pelo eterno descumprimento das promessas feitas nos palanques, durante as campanhas. Assim surge no universo político a figura do traidor, ou suposto traidor, quando muitos prosélitos de determinado político percebem, finalmente, que foram engrupidos. Tornou-se uma tradição, em muitos lugares, as pessoas pendurarem bonecos com a aparência de figuras políticas traidoras, simulando o enforcamento de Judas Iscariotes, que, na cabeça de muitas pessoas, teria cometido suicídio, em virtude do arrependimento, por “entregar Jesus Cristo”. Todavia há incontáveis controvérsias sobre essa versão, o que não significa que traidores não existem no mundo real. Existem, sim, e, no mundo político, eles são personagens “sine qua non“. Especificamente no caso de Nossa Urbe Obediana, é fácil afirmar, e constatar, a existência de muitos traidores no cotidiano político; mas afirmar que esses traidores são judas é outra história, porque Judas merece respeito…

Na nossa literatura, existem inúmeras obras que aludem à história do apóstolo Judas Iscariotes, embora muitas pessoas façam absoluta questão de ignorar os livros. Aqueles que nutrem alguma simpatia pelos livros sabem, porém, que Judas Iscariotes foi um dos intelectuais de destaque em sua época e provavelmente o único apóstolo que não era analfabeto. A condição de não ser analfabeto é critério suficiente para não comparar os políticos traidores que coabitam Cacoal com Judas Iscariotes, porque a falta de capacidade para pensar e a visível ojeriza à literatura, constatadas em diversos políticos da Capital do Café, é uma das maiores marcas da tradição política de Nossa Urbe Obediana. Então, há políticos traidores em Cacoal? Claro que os há!! O problema, porém, é que os políticos traidores, mentirosos e hipócritas somente podem existir, quando existem quem os apoia, quem os defende, quem os bajula. Assim, é difícil afirmar que políticos traidores e mentirosos devem ser hostilizados sozinhos. Não seria justo!! Os bajuladores desses políticos são igualmente nocivos à sociedade. Para ilustrar a ideia, podemos lembrar aos leitores que muitas pessoas que faziam discursos contra o prefeito de Cacoal, nas campanhas de 2016 e 2020, dizendo coisas impublicáveis sobre ele, hoje estão bem caladinhas e ocupando cargos comissionados na administração. Algumas delas em cargos de primeiro escalão…

Outro caso emblemático de trairagem está na conduta de diversos vereadores de Cacoal que foram eleitos em 2020, prometendo à população que iriam moralizar as coisas, que iriam acabar com a politicagem na cidade e que desejavam ser eleitos para cumprir o “verdadeiro papel do vereador”. Tudo papo furado!! Tudo colóquio flácido para acalentar bovinos! Eles prometeram a “Pascoa” em campanha; e hoje entregam o enforcamento moral do legislativo. É evidente que nem todos os vereadores são traidores, mas todos os vereadores que, candidatos, prometeram a moralidade e hoje participam de todos os tipos de negociatas e conchavos são traidores, sim. Qual a independência e qual a moral que tem um vereador que negocia com a Administração Municipal cargos na AMEC? Qual a moral e qual a independência que tem um vereador que negocia nomeação de esposas, irmãos, apaniguados, guachebas e outros parentes em gabinetes de deputados aliados da administração?  Se o mandato de vereador implica a atribuição de fiscalizar, entre outras, como é que uma pessoa com rabo preso vai fiscalizar alguém?

E, quando falamos dos judas no universo político de Nossa Urbe Obediana, não se pode falar apenas dos mandatários. Em 2020, milhares de cacoalenses batiam o pé e diziam que o principal desejo deles era ver eleitos vereadores que efetivamente fiscalizassem o Poder Executivo, porque a composição do legislativo na época, segundo eles, não fiscalizava nada. Hoje essas mesmas pessoas que exigiam vereadores com capacidade para fiscalizar o executivo fazem beicinho nas redes sociais, quando alguns vereadores fiscalizam a Administração Municipal. Isso acontece porque essas pessoas agem como traidores, não como Judas. Na prática, muitos cacoalenses pensam assim: “somente os prefeitos que eles odeiam por alguma razão é que devem ser fiscalizados. Os políticos que eles bajulam podem cometer erros de todos os tipos, mas não devem ser fiscalizados”. Dentro da Câmara de Cacoal, existem vários vereadores que simplesmente não aceitam nenhuma crítica ao prefeito. Eles reagem como cães-de-guarda, sem nenhuma intenção de ofender os cães-de-guarda. Mas é uma realidade: o camarada foi eleito para fiscalizar os atos da Administração Municipal, mas não aceita sequer críticas sobre essa administração. Os vereadores que agem assim deveriam ter os salários descontados todos os meses; não somente uma vez…

Finalmente falemos da Páscoa! Páscoa significa mudar de vida, mudar de hábitos, renascer com essência melhor. Não é o caso dos vereadores que prometeram a “Nova Política” em 2020 e hoje negociam cargos para seus apaniguados. Qual a mudança que há nisso? Qual a Páscoa que há nisso? Absolutamente nenhuma!!! Essa prática da negociata e dos conchavos é tão antiga quanto o equívoco de que Judas teria traído Jesus. Talvez a única diferença esteja nas 30 moedas de pratas, hoje representadas pelas nomeações nas secretarias municipais, nas autarquias e nos gabinetes da Velha Assembleia Legislativa de Rondônia. O problema é que, neste fim de semana, esses políticos das negociatas estarão nos bairros e nas redes socias desejando à população uma “Feliz Páscoa”. Quanta hipocrisia… Tenho dito!!!

 

FRANCISCO XAVIER GOMES

Professor da Rede Estadual e jornalista

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